terça-feira, 22 de setembro de 2015

De que adiantam pesquisas

se não importa o que o povo

sente e pensa?

                                                            
mouco

Só um tolo negaria a importância – essencial – da conversa, da articulação e da composição política para garantir a governabilidade, um nome “moderninho” para dar nome à viabilidade de um governo.

Mas seria de igual ou pior grau de tolice  esquecer que até mesmo esta “pequena política” é, para um governo de natureza popular, algo que só se viabiliza com a força que lhe vem da grande política, a que se faz com as massas populares que são – ou deveriam ser – a sua razão de existir.

Duas pesquisas veiculadas estes dias mostram – embora não pareçam produzir muito efeito na mídia quanto as que mostram quedas na popularidade de Dilma- o comportamento dos agentes políticos do governo e da oposição, onde cresce o “só precisamos de algo que pareça concreto para o golpe”.

A primeira, realizada(AQUI) pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, diz que “69% não souberam citar nenhuma ação, programa, ou política do governo federal.” Mesmo entre os que o apóiam, um quarto fica sem ter o que citar.

Ora, se alguém não consegue lembra de “nenhuma ação, programa, ou política do governo federal” é inevitável que esta pessoa, em consequência, ache que o governo não faz nada de relevante. E que, claro, as dificuldades econômicas vem da bufunfa embolsada na corrupção, que não tampa sequer o buraco da cárie do que se ganha “honestamente” com a sangria financeira dos cofres nacionais. Mais ou menos o que deseja do Estado  a visão liberal de governo, que acha que, afinal, ele só precisa deixar quieta a vaquinha enquanto os bezerros gordos a mamam.

Qualquer um que veja televisão ou leia jornais impressos ou eletrônicos sabe que isso não ocorre por falta de propaganda governamental. Mas por falta de um discurso político que nela esteja contido, ao ponto de hoje ser seu principal mote o tal “Dialoga, Brasil!”, muito boa ideia, bem intencionada, mas inexpressiva, porque trata apenas de meio, não de finalidade Com todo o investimento feito, tem menos seguidores no Facebook que qualquer do que qualquer dos grandes blogs de esquerda, que não têm recursos ou estrutura para, sequer, manter em bom funcionamento suas redes sociais, que dirá promovê-las.

Programas imensos – e caros – como o “Mais Médicos”, a conclusão da barragem de Belo Monte, que só espera chuvas sobre o Xingu para ser enchida, as obras – com dinheiro federal – a todo o vapor no Rio de Janeiro (inclusive um túnel e a pista de um BRT aqui pertinho, em Niterói) e muitos outros ficam escondidos. E as grandes obras da Petrobras, eclipsadas pelas medidas de corte da empresa, parece que são objeto de vergonha, em lugar de orgulho.

Mesmo nas medidas “antipáticas”, como a CPMF, não se vê nenhuma preocupação política em fazer com que ela seja identificada com seus dois mais importantes aspectos: atingir as grandes transações – e o governo sabe que ela é irrelevante para ser aplicada sobre quem movimenta apenas os caraminguás do parco salário em sua conta bancária – e evitar, ou ao menos rastrear, as transações de grande porte que escondem ou desviam dinheiro grosso.

Dilma, que pena e balança por sua natureza popular(corrupção? ah, francamente, não sabemos da história deste país?), não a demonstra, senão em vagas em um “não vamos permitir o retrocesso nas conquistas sociais” que, afinal, retrocedem(sim!) com o aumento do desemprego e dos preços, à revelia do governo e, até, pelas necessidades de cortes e retração de investimentos públicos.


Essa, então, ficou praticamente escondida na mídia. Revela que os índices de confiança de toda a linha sucessória de Dilma (pela ordem, Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros) varia entre apenas 8 a 11% de bom ou ótimo, o mesmo que o Ibope atribui a Dilma, 9%.

Melhor advertência não há de que a mosca azul, se os seduzir, os levará direto à raquete elétrica que espera aquele que terá de fazer – agora em meio à inevitável agitação social e política de um golpe – os mesmos ou maiores arrochos na economia.

Pior, até, porque agora legitimado o bater de panelas como substituto do voto na escolha – e na derrubada – de governantes.

Um dia, talvez, nossas lideranças políticas, à esquerda, compreendam que, em comunicação, não há nada mais importante do que fazer perceber o benefício – e o beneficiário – das ações de governo. Grandes números, tanto quanto inaugurações pontuais, são algo distante, impessoal para quem não está diretamente envolvido ou não vê porque se interessar no mundo distante.

Mas que, afinal, influi sobre sua vida cotidiana.

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