Comunicado urgente à
(antiga) classe média:
não há vagas na
FIESP
Em vez da solidariedade aos de baixo, comportam-se como garçons convictos de que foram convidados para a festa VIP. O pânico surge do medo de ser confundido com a classe C no momento em que engole o hambúrguer fast food no shopping com ar-condicionado, com direito à comédia Globo Filmes. Se agradar ao CEO, talvez um jantar no Outback.
Essa miopia sempre tornou tranquilo o sono de certos banqueiros e empresários, ou melhor, donatários hereditários, que espoliam nosso país há muito tempo. Forjada no preconceito e na exclusão, a ideologia predominante entre a classe média rechaça a participação política, despreza o Estado, inclusive como ente regulador, e abraça sem ponderação a ideologia do mercado. Não há espaço para a solidariedade e o pensamento próprio, mais fácil terceirizar os neurônios para mantras absorvidos na grande mídia, e repetidos no elevador.
Raramente avançam além de seu papel de consumidor e poucos atuam na esfera pública como agente de transformação social ou política. A quantidade de votos do anódino Celso Russomano na última eleição é um sintoma. Para seus eleitores, cidadania e direitos humanos não têm utilidade, nos resta a “cidadania do consumo”: ai se me engambelarem no momento sagrado da compra, me revolto e exijo direitos. Fora isso, salve-se quem puder.
O comportamento bovino é guiado pela propaganda e também por um jornalismo que não colabora na reflexão e na defesa do interesse público, apenas domestica o ser humano, como afirma o jornalista espanhol Ignacio Ramonet.
Defender os interesses do 1% que controla o dinheiro não credencia ninguém dos 99% a ser aceito no clube dos bilionários. Parece surreal, mas muitos parecem não se dar conta disso. E o grande capital está cada vez mais concentrado, em 2016, a grana que estará nas mãos de 1% ultrapassará o montante dos 99% da população mundial, segundo estudo da organização não-governamental britânica Oxfam. Mais um motivo para exigir mais justiça e menos privilégios.
Essa justiça só será alcançada com mais inclusão, educação, cultura e através da luta contra a concentração da renda nas mãos de poucos. Já passou da hora da classe média se libertar de sua identidade de grupo ‘quentinha’ embasada no discurso excludente e classista. Caso isso não ocorra, o caminho para mudanças efetivas será mais árduo.
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