terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Lava   Jato:   mesmo   sem denúncia, jornais insistem

em associar  Lula a Bumlai


Cíntia Alves  

   
Jornal GGN - Nessa segunda-feira (14), o Ministério Público Federal apresentou denúncias contra uma série de personagens da Lava Jato, incluindo José Carlos Bumlai. Edições da Folha e Estadão desta terça (15) indicam que o pecuarista teria assumido a contração de um empréstimo junto ao Banco Schahin para beneficiar "pessoas ligadas ao PT".
Lula não foi denunciado pelo MPF e Deltan Dallagnol, um dos procuradores-celebridade do caso Petrobras, admitiu que não existem provas de corrupção por parte do ex-presidente. O que justifica, então, a insistência dos jornais em citar o nome de Lula em toda nova notícia sobre Bumlai?
Enquanto não aparecem respostas para isso, Lula segue colhendo o ônus midiático de ter sido transformado em um substituto para "Bumlai" nas manchetes produzidas pela grande mídia. Na Folha de hoje, ele aparece na chamada de capa para a reportagem sobre o empréstimo de R$ 12 milhões que Bumlai fez em 2004 e nunca quitou. Ou melhor: teria pago, segundo a Lava Jato, cinco anos depois, fazendo uso de sua amizade com Lula para obter um contrato de 1,6 bilhão de dólares para o Grupo Schahin com a Petrobras.
“O ex-presidente, porém, não foi imputado [na denúncia do MPF] porque, segundo os procuradores, faltam indicativos concretos de sua suposta intervenção no negócio. Nem mesmo [Fernando] Baiano [réu delator e operador do PMDB no esquema da Petrobras] chegou a confirmar que isso ocorreu.”
Dallagnol afirmou que Bumlai é um “operador do PT”. Na mesma matéria, porém, a força-tarefa da Lava Jato admite que o destino do dinheiro é desconhecido – “Ainda não se sabe quem foram os destinatários finais do empréstimo a Bumlai”.
No “relatório parcial” do MPF, segundo a Folha, levantaram a suspeita de que o dinheiro foi usado para comprar o silêncio de um empresário de Santo André (SP) supostamente envolvido em esquemas de corrupção na cidade já administrada por Celso Daniel (PT), morto em 2002.
“Os fatos ainda estão sob investigação”, apontou a Folha, acrescentando que a “PF não fez, por ora, novas diligências sobre o caso”.
No Estadão, as informações dão a entender que Bumlai mudou sua versão da história e implicou o PT no processo após ter o fim de sua prisão preventiva negado pelo juiz Sergio Moro.

Na primeira vez em que depôs, Bumlai disse que o empréstimo era para ajudar a comprar uma fazenda do Grupo Bertin, de quem era sócio. Somente depois revelou que era para ser “simpático” ao PT. Segundo o pecuarista, um executivo do Schahin sugeriu a transação fraudulenta com o intuito de repassar dinheiro ao partido de Lula.
Na Folha, Dallagnol disse que a Lava Jato não faz perseguição com PT, mas que o partido, assim como PP e PMDB, está no centro da investigação porque “uma prova leva à outra”. “É possível que tenham outras minas [casos de corrupção] em outros lugares, a alguns metros de distância, mas não tem como adivinhar que elas existem. Não tem por onde puxar”, disse o procurador, ignorando uma série de delações premiadas com detalhes sobre corrupção na Petrobras desde a gestão FHC.

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