Folha Dirigida e Folha de S. Paulo
Esta história narra o fim de semana de um cidadão muito entristecido e, literalmente, desligado do Brasil.
Oi, gente! Meu nome é Zape e tenho 5 anos. Vou contar a vocês um pouquinho desses últimos dias e como eu estou feliz. Ou não. Mas vamos lá:
A semana começou normal. Aquela era uma quarta-feira como outra qualquer e como um dos demais trezentos e tantos dias desse ano. Como bilhões de brasileiros, atualmente, me usam, não tenho tempo nem para dormir. Rodo meu hardware vinte e quatro horas por dia sem direito a intervalos ou a um mero descanso. Logo pela manhã, começaram algumas prenúncias, em sites que digamos talvez confiáveis, de que eu finalmente poderia dormir e descansar a partir da meia-noite, ou seja, da primeira “hora” do dia seguinte, quinta-feira. Felicidade reinou na hora! Que coisa boa! Poder descansar e dormir adoidado dois dias seguidos pra entrar bem no fim de semana?
No início, fiquei meio desconfiado. Será que realmente eu teria esse merecido descanso? Pesquisei, pesquisei e nada encontrei. Porém, quando eu menos esperava, liguei pro meu amigo G1, um outro aplicativo que conheci na faculdade de formação e ele me disse que estavam falando desse meu “recesso”, essas minhas férias, no jornal da GloboNews!
Iuuuuuuuuuuupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Libertação aos escravos! Tudo se confirmou. Sim, é real! Vou poder tirar férias!!! Um fim de semana inteiro só pra mim. Mega feliz aqui. Já combinei de sair cozamigo e cazamiga. YouTube, Snapchat, até o Mozilla… Vamos todos dar um rolé no shopping. Aquele tal de AppStore sabe? Tipo VillageMall. Só pra quem pode!
Bom, dizem mesmo que felicidade dura pouco. Eu não tava botando fé não, sabe… Até que descobri que a inimiga se pôs a meu favor. No caso, foi um favor bem fidaputa. Um favor que interrompia meu descanso. E lá estava ela: VPN. Um tal de roteador que tem um IP dos Estado Zunido e consegue me liberar pras pessoas. Aff! Que saco! Super chateado.
Tive de desmarcar todas as resenhas e os encontros, as idas aos shoppings, a vida social, tudo. Agora, infelizmente vou voltar ao normal. De vida social pra rede social. Sacanagem. Eu, particularmente, acho que esse aplicativo deveria se chamar, não VPN, mas VTC. Só acho. Entendedores entenderão.
Do descanso para o software novamente. Deixo aqui as minhas lágrimas gente.
E outra coisa: agora que já voltei, você pode sair desse Viber e desse Telegram. Deixa de ser cara de pau e finge que é normal.
Um abraço gente, Zape.
(*) LUCAS Barbosa GÓES Marques, 14 anos, concluiu o curso fundamental no Colégio Pentágono/Rio de Janeiro e participa, desde 2014, do PROJETO REDAÇÃO/Escritores do Futuro, com a publicação de textos em coletâneas da atividade extracurricular. Foi premiado em concursos para jovens talentos, promovidos pela Folha Dirigida e Folha de S. Paulo. Sua página na Web: https://blogbemescrito. É neto deste AMgóes e da Cristina.
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