Quem são os deputados
que tentaram blindar
Eduardo Cunha
O Conselho de Ética
da Câmara aprovou nesta terça-feira 15 a abertura de um processodisciplinar contra o
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro
parlamentar.
Cunha, cujas residências
em Brasília e no Rio de Janeiro foram alvo de mandado de busca e apreensão na
Operação Catilinária, desdobramento da Operação Lava Jato, é acusado de mentir
em depoimento à CPI da Petrobras.
Com a aprovação do
relatório de Marcos Rogério (PDT-RO), Cunha terá 10 dias úteis para apresentar
sua defesa escrita. O prazo começa a correr depois que o deputado for
notificado.
A aprovação se deu por 11
votos a 9, após oito adiamentos seguidos conseguidos pela tropa de choque de
Cunha na comissão.
Os nove de Cunha
Nas redes sociais e na
caixa de e-mail, leitores têm exigido de Pragmatismo Político mais informações
acerca dos 9 deputados que tentaram blindar o presidente da Câmara no Conselho
de Ética na manhã desta terça-feira (15).
Confira, a seguir, um breve
levantamento dos 9 parlamentares que integram a tropa de choque de Cunha no
Conselho e que, por muito pouco, não conseguiram impedir a investigação contra
o presidente da Casa.
1. Manoel Júnior
(PMDB-PB). Manoel Junior, deputado federal pelo PMDB da Paraíba, fiel
aliado de Eduardo Cunha, já chegou a sugerir que Dilma Rousseff renunciasse ao
cargo: “Se estivesse no lugar dela, eu renunciaria”. Dias depois, porém, foi
cotado por seu partido para assumir o Ministério da Saúde, deu o dito pelo não
dito e negou ter falado em renúncia da presidente. Acabou não assumindo a
pasta. Financiado por planos de saúde e laboratórios, sua especialidade é
defender o interesse privado. Teve o seu nome citado no
relatório da CPI da Pistolagem por possível envolvimento no assassinato de um
vereador. Foi chamado de “picareta desqualificado” por Ciro
Gomes quando esteve cotado para assumir o Ministério da Saúde. “Quando a
imprensa vasculhar a vida desse camarada, ele não dura 15 dias”, disse Ciro.
2. Wellington Roberto
(PR-PB). Deputado Federal pelo PR da Paraíba, Wellington já foi deputado
estadual e senador da República (suplente do senador Humberto Lucena, assumiu
após a morte do titular). O parlamentar tem forte influência no interior
paraibano e é conhecido por práticas políticas coronelistas. Foi acusado pelo
empresário Darci Vedoin de envolvimento no chamado Escândalo dos Sanguessugas —
esquema milionário que consistia em desviar dinheiro público destinado a compra
de ambulâncias e equipamento hospitalar. Por ter foro privilegiado, a ação
contra Wellington Roberto correu em segredo de justiça no Supremo Tribunal
Federal. Wellington
gastou R$ 189 mil de sua cota parlamentar para abastecer carros do
seu escritório político no posto de gasolina do irmão. Recentemente, Wellington
Roberto envolveu-se em
uma cena tragicômica no Conselho de Ética da Câmara: alterado,
agrediu fisicamente outro parlamentar para defender Eduardo Cunha.
3. Paulinho da Força
(SD-SP). Paulinho da Força é o líder e fundador do Solidariedade.
Apoiou Aécio Neves nas últimas eleições presidenciais e tem se revelado um dos
maiores defensores do impeachment de Dilma Rousseff no Congresso Nacional.
Chegou a dizer que “não interesse as acusações que pesam sobre Eduardo Cunha,
porque o importante é derrubar a Dilma”. Foi condenado,
em 2010, a devolver R$ 235 mil aos cofres públicos e pagar
multa de R$ 471 mil por irregularidades e desvios no Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT). Atualmente, Paulinho da
Força é réu no STF acusado de desviar dinheiro do BNDES. O
Ministério Público pediu a condenação do deputado.
4. Cacá Leão (PP-BA). O deputado Cacá Leão foi
integrante da falecida CPI da Petrobras até que o seu pai, o também deputado
João Leão (PP-BA), apareceu como um dos parlamentares que tiveram o pedido de
abertura de inquérito aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na época,
Cacá afirmou que o fato do seu pai estar na lista de investigados da Operação
Lava Jato não iria interferir no seu trabalho. Cacá Leão tem evitado a imprensa
desde que surgiram especulações de que votaria a favor de Eduardo Cunha no
Conselho de Ética. As especulações se confirmaram na manhã desta terça-feira
(15) e o deputado já está sendo cobrado por eleitores.
5. Erivelton Santana
(PSC-BA). Deputado pelo Partido Social Cristão (o mesmo de Marco Feliciano
e Eduardo Bolsonaro), Erivelton Santana elegeu-se com a promessa de que
defenderia, na Câmara dos Deputados, os “valores da família brasileira”.
6. João Carlos Bacelar
Filho (PR-BA).
7. Ricardo Barros (PP-PR). Relator da Comissão do
Orçamento 2016 e aliado do governador Beto Richa (PSDB) no Paraná, Ricardo
Barros é o deputado que pretende cortar R$ 12,2 bilhões do Bolsa Família —
programa que atende 14 milhões de famílias, ou aproximadamente 50 milhões de
pessoas, cerca de metade delas crianças e adolescentes. “Ninguém vai ficar na
miséria se cortar um pouco do Bolsa Família”, justificou. Ao mesmo tempo,
Barros quer duplicar a verba destinada aos partidos políticos, de R$ 311
milhões para R$ 600 milhões (Fundo Partidário).
8. Vinicius Gurgel (PR-AP). Vinicius Gurgel está no
primeiro mandato como deputado federal. Ganhou destaque na imprensa nacional
pela reportagem “Os
Campeões do Cotão”, por ter solicitado reembolso na Câmara Federal
de R$ 190 mil por aluguel de veículos e embarcações. Também foi flagrado
repetidamente em encontros com Valdemar Costa Neto (PR), condenado na Ação
Penal 470 (mensalão).
9. Washington Reis
(PMDB-RJ) Washington Reis já teve os seus
direitos políticos cassados por três anosapós condenação por
improbidade administrativa quando foi prefeito de Duque de Caxias. Em 2014, foi
alvo de investigação da PF e do Ministério
Público Federal (MPF) por supostas fraudes em licitações. Na
época, agentes federais chegaram a entrar na casa do deputado e apreenderam
documentos. O deputado federal é investigado também em uma ação do Supremo
Tribunal Federal por crime ambiental. Além dessas ações, Washington Reis é
investigado em inquéritos que apuram supostos crimes eleitorais e lavagem de
dinheiro. Os conteúdos dos processos destacam depoimentos afirmando que o
deputado usou a máquina pública, quando era prefeito de Caxias, para conseguir
votos nas eleições de 2008.
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