'Assessores' de políticos, dirigentes comunitários inibem reação no Alto
da Boa Vista-RJ contra o GOLPE
Professor e jurista Miguel Baldez\(esq.), renomado especialista em questões fundiárias, com Roberto Magessi, do CONCA: tempos de compromisso com a cidadania e a luta por liberdade democrática no Alto da Boa Vista-Rio de Janeiro |
Do AMgóes >>>Aos companheiros do Alto
da Boa Vista: esvaiu-se, nos últimos anos, aquela aura de mobilização e
enfrentamento decorrente das ações coordenadas por nosso Conselho de Cidadania,
o CONCA, fórum de debate sobre demandas
coletivas das comunidades no entorno do Parque Nacional da Tijuca, aqui no Rio
de Janeiro.
Roberto Magessi, falecido em janeiro/2013 |
Face à relevância e justeza dos pleitos
de cidadania(direito à propriedade das moradias por seus históricos
ocupantes), a iniciativa do saudoso
companheiro e ativista comunitário Roberto Magessi(foto) contagiou expressivos
segmentos da periferia carioca, em torno de perspectivas similares.
Infelizmente, contaminadas pela prática
deletéria do clientelismo da política de esgoto, as comunidades do Alto
passaram ao controle e influência de supostas lideranças cujo escopo é o de interesses pessoais/familiares. O Alto foi subdivido por objetivos proporcionadores de ganhos fugazes a cabos
eleitorais, pretensos 'garantidores' de votos dos moradores a quem
eventualmente banca suas promessas de enganoso sucesso.
ÚLTIMAS DO ALTO: jornal eletrônico do CONCA, editado pelo AMgóes, com 5000 acessos semanais, entre 2008 e 2013 |
O ideário formulado por Betinho
Magessi, de não atrelamento das comunidades a sinecuras e picaretagens de
agentes públicos, para preservar o livre arbítrio em torno do à época crescente movimento
reivindicatório do sagrado direito à moradia, diluiu-se a reboque de triviais agendas
burocráticas, em lugar de nossas mobilizações cujo eco chegara às esferas
do poder federal, que nos contemplou em
suas demandas orçamentárias, através do Congresso Nacional. Todavia, o sonho da
casa própria, via usucapião especial urbano e/ou concessão de uso, dependentes
do ITERJ, por que nos batemos, das ruas aos gabinetes de prefeitos,
vereadores e Ministério Público estadual,
jaz nos escaninhos das promessas postergadas 'ad eternam'.
Nesta quadra de apreensão quanto ao
desfecho autoritário da realidade política, por conta de iminente GOLPE nas
instituições democráticas vigentes, não há notícia, mesmo de contidos sussurros
‘na esquina da Mata Machado’(a que alude antigo samba do Bloco ‘Unidos do Alto’),
qualquer manifestação, salvo fortuitas(quão tímidas) perplexidades de conscientes 'gatos pingados',
no WatSaap, Facebook e outras redes sociais.
O que fazem os dirigentes das
associações de moradores? Acaso entendem que a crise política, destinada a
golpear um governo legitimamente eleito, não inviabilizará o projeto de
regularização fundiária dos históricos aglomerados do Alto, pelo qual penosamente nos batemos no curso da
última década? Ou essas lideranças não têm noção das consequências imediatas do
GOLPE ora perpetrado no país sob a falaciosa bandeira de 'combate à corrupção',
levada a cabo pelos mesmos cínicos beneficiários da crônica
ladroagem/bandidagem engravatada, de punhos de renda, que nos domina desde os
primórdios da República, em 1889?
No exato momento em que, Brasil afora,
a sociedade, através de ampla representação popular organizada, vai às ruas
contra o desmonte da ordem institucional, a partir do 'impeachment' da
presidenta Dilma Rousseff e da extinção do projeto de governo que retirou
milhões da miséria e da fome, as comunidades do Alto da Boa Vista, seguem, ao que se depreende, embevecidas pelo discurso canalha da influente mídia golpista
comandada pela Rede Globo de Televisão.
Septuagenário, sou uma das milhões de
testemunhas oculares do golpismo lesa-pátria de 1964 contra as Reformas de Base
do presidente Goulart(imprescindíveis ao nosso desenvolvimento e à ruptura com o multissecular
colonialismo socioeconômico, EUA à frente), inoculado por autodeclarados
'salvadores da pátria' que nos impuseram 21 anos de trevas, ao longo dos quais
ampliaram fraudulenta e draconianamente seus domínios, esmagando as mínimas
expectativas dos excluídos sobre o ansiado acesso ao bolo da riqueza nacional.
É essa perspectiva de herança trágica que
os amigos e amigas do Alto da Boa Vista pretendem legar a seus filhos e
gerações subsequentes??? Reflitam! Discutam a gravidade atual com familiares e vizinhos!
Não se isolem, indiferentes, nem se associem, lenientes, às artimanhas midiáticas de potenciais(e poderosos) desafetos
inconformados com nossos tênues avanços na escala dos estratos sociais!
Face à incondicional solidariedade oferecida,
nos limites de minha percepção cidadã, em anos de acirrado combate por
impostergáveis prerrogativas de todos daí, permito-me o direito de cobrar urgente
pronunciamento das lideranças comunitárias do Alto, se é que têm noção da crise
que, com a iminente derrubada de nossas instituições democráticas, já afeta nosso
cotidiano.
Em nome da FRENTE BRASIL POPULAR/grande
Tijuca, de que participo neste processo de resistência cívica, ponho-me à
disposição, com outros companheiros muito mais qualificados, a fim de discutirmos
as irreparáveis consequências do vigente impasse institucional. E vamos à luta,
enquanto ainda há tempo hábil para reagir!
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