terça-feira, 20 de dezembro de 2016

'Coxinhas' golpistas promovem retrocesso...

Oito    milhões    da    'nova   classe média' deixam aviões e  voltam a viajar de ônibus neste fim de ano
Rafaella Barros                              Resultado de imagem para Imagem da logo do jornal Extra

Denis, que sempre voou nos últimos anos, recorreu aos ônibus

Denis, que sempre voou nos últimos anos, recorreu aos ônibus
(Foto: Rafael Moraes / Extra)

Depois de 12 anos em que o céu parecia o limite para o consumo da nova classe média, cerca de oito milhões de brasileiros que tinham viajado de avião pela primeira vez, naquele período, tiveram que colocar os pés no chão e voltar a andar pelo país de ônibus. A estimativa da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) é um reflexo de nada menos do que 15 sucessivas quedas mensais no volume de passageiros transportados.

Neste grupo de pessoas que têm trocado os voos pelas rodovias está a cabeleireira Thaís dos Santos, de 24 anos. A moradora de Angra dos Reis, na Costa Verde, costumava viajar de avião para visitar a família em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. No mês passado, porém, teve que encarar uma jornada de mais de 24 horas de ônibus, com a filha de 4 anos.
Nas duas últimas vezes, fui de avião, Graças a promoções de passagens. Mas, por mais que seja cansativo, agora vou de ônibus. Não tem jeito. O orçamento está mais apertado, a situação está difícil. Meu marido, por exemplo, que é supervisor de obra civil, teve que ir trabalhar em Manaus — disse Thaís, que deixou a outra filha, de 7 anos, em Angra, porque não teve dinheiro para pagar mais uma passagem.

Há, ainda, quem tente aliar o conforto à economia, optando pelo avião apenas para a ida ou a volta. Foi o que fez o atendente de cafeteria Denis Silva, de 23 anos, que voou de São Paulo para o Rio, mas, para economizar, retornou pela Rodovia Presidente Dutra, que liga as duas cidades:
Com a crise, em vez de pagar pouco mais de R$ 200 da passagem de avião, achei melhor pagar R$ 99 de ônibus. Tenho vários amigos que estão na mesma situação. Muita gente está migrando.

A previsão da Abear é que, este ano, a demanda no mercado doméstico de aviação encolha 8% em relação a 2015, o que representará oito milhões de passageiros a menos.

Aéreas defendem suas tarifas

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, afirma que as tarifas não são as responsáveis por essa migração. Foi o bolso dos passageiros que encolheu desde o ano passado.
De 2002 a 2015, o preço (médio) das passagens aéreas caiu pela metade. Mas, em 2015, ficou claro o cenário de desemprego, que, no entanto, não é a causa, mas a consequência. O que afeta o setor aéreo é a economia muito ruim, pois as empresas põem o pé no freio. O volume de passageiros corporativos (viajando a trabalho), que responde por 65% dos bilhetes vendidos, cai. E o público de lazer, que viaja de férias, também.

Sobre perspectivas de melhoras, Sanovicz acredita que poderão surgir no fim de 2017.
Nossa avaliação é que estamos num momento de pouso suave. Estamos nos aproximando do chão. Pode ser que, na próxima alta temporada, voltemos a ter números melhores para apresentar - completa sem  otimismo.

O impacto nos ônibus

O impacto da crise sobre o setor de transportes não se resume, porém, à migração de passageiros aéreos para as rodovias. Houve um efeito-cascata sobre as famílias que, antes da crise, já se deslocavam apenas de ônibus. Boa parte delas deixou de viajar devido ao orçamento apertado.
O cenário explica os números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT): de 2014 para 2015, a quantidade de passageiros transportados em linhas interestaduais caiu 7,8%.
—O dono de uma loja com movimento ruim, consequentemente, para de ir a São Paulo comprar produtos, roupas... A crise na máquina econômica atinge o transporte rodoviário, o de automóveis e o aéreo — explicou Willian Aquino, engenheiro de transportes e diretor regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).   

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