Desbundante!!! Juiz nostálgico do 'Lula-lá'
e procuradores ineptos garantiriam vitória
do ex-presidente no primeiro turno
Do insuspeitíssimo REINALDO AZEVEDO, na REDE/TV
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs,
por videoconferência, como testemunha, na ação penal que apura se autoridades
brasileiras compraram votos de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional).
São réus na ação, entre outros, Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, e Carlos
Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil). ||| O momento
acabou, com efeito, sendo emblemático dos dias em curso. Houve ali uma espécie
de sumo e de síntese deste tempo. Atenção! De saída, deixo claro: não sei se
houve compra de voto ou não. Não sou Justiça. Conheço a acusação. Vamos ver os
desdobramentos. Uma lembrança: Lula prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas,
da 7ª Vara Federal do Rio, como testemunha de defesa de Cabral. De saída,
destaco duas coisas: a: a suposta tietagem de Bretas, que fez
mesuras um tanto ambíguas a Lula no fim do depoimento, de olho na própria
reputação, tentando usar o ex-presidente como escada; b: a evidência, mais uma vez expressa, de que o Ministério Público
Federal e setores do Judiciário ignoram o que seja política e que só ganhou a
saliência que tem no atual estágio da história brasileira porque criminaliza a
mais nobre e mais importante prática das democracias: justamente a… política! É
a única alternativa que temos à guerra de todos contra todos. ||| Começo pelo segundo
aspecto. Ficou evidente que Marcelo Bretas e os dois representantes do
Ministério Público Federal não sabiam o que perguntar a Lula. Não haviam se
preparado para a audiência. Reitero: se houve safadeza ou não, não posso
afirmar nem uma coisa nem outra. Em tendo havido, e sendo Lula quem era naquele
caso, nem Ministério Público nem juiz conseguiram fazer uma única, uma
miserável que fosse, questão relevante que ensejasse ao menos algum esclarecimento
da defesa de Cabral. Nada vezes nada. E essa tem sido a rotina. Tanto é assim
que qualquer aferição técnica de credibilidade daria um placar de 10 a zero a
favor de Lula. Vamos ver. |||
Quando a palavra foi passada ao Ministério Público Federal, o procurador
quis saber se Lula havia se encontrado, alguma vez, com Nuzman. Com a devida
vênia, a resposta é óbvia porque a pergunta estúpida. Ora, eu, que não
acompanho esse troço, sei que sim. Estranho seria se o presidente do COB não se
encontrasse com o presidente da República, que havia transformado o desejo de o
Rio sediar a Olímpiada numa questão geopolítica. Notem que, mais uma vez, não
entro no mérito se a coisa, em si, foi positiva ou não. ||| Lula disse ter-se encontrado
várias vezes, mas não lembrava quantas. Alguma vez com a presença de
africanos?, quis saber o farejador. Ora, sim, claro!, afinal o Brasil estava de
olho nos votos da África. |||
E o ex-presidente, então, ofereceu a deixa para o momento mais
constrangedor do depoimento, protagonizado pela representante do Ministério
Público, Cristina Groba Vieira. A imprensa nem se deu conta porque, também ela,
anda um tanto esquecida do que é política. Especializou-se, com raras exceções,
na linguagem da polícia, que lhe é soprada por vazadores do MPF, da PF e da
Justiça. ||| Lula
afirmou que fez, sim, um trabalho junto a países africanos, continente no qual
ele era um verdadeiro “pop star” — isso digo eu, e é fato —, cumprindo, aliás,
uma obrigação uma vez que uma cidade brasileira era candidata a sediar o
evento. Num dado momento, o ex-presidente afirmou que deixou claro aos
africanos que o Rio sediar uma Olimpíada abria caminho para que o continente
africano viesse a receber os jogos. |||
Essa frase despertou na procuradora o olfato para o crime. A pergunta
feita por ela, ensejada pela fala de Lula, é das coisas mais patéticas jamais
ouvidas num tribunal. Ela quis saber, então, se Lula havia prometido aos
africanos alguma vantagem indevida. Venham cá: digamos que Lula tenha dito aos
africanos: “Apoiem o Brasil, e o Brasil passará a defender que a África seja
sede dos jogos”. O que haveria de errado nisso? É uma estupidez! Deu a Lula o
pretexto para lembrar: “Eu viajei 34 vezes para a África. Visitei 29 países na
África. Abri 19 embaixadas na África. Levei a Embrapa para a África…”
||| Se Lula estivesse
solto, e se o Ministério Público e o juiz Marcelo Bretas lhe dirigissem
perguntas uma vez por semana, ele se elegeria no primeiro turno… ||| Depois foi a vez de o juiz
perguntar a Lula se tinha ouvido a conversa de que o Rio sediar a Olimpíada era
uma espécie de etapa prévia da candidatura de Sérgio Cabral à Presidência… O
petista afirmou nada saber a respeito. Mas venham cá: e se fosse? Os crimes de
Sérgio Cabral não estariam nessa pretensão, certo? ||| Noto, finalmente, que o juiz
Marcelo Bretas resolveu abrir espaço para a demagogia pessoal. Embora tenha
advertido Lula para não fazer proselitismo político, ele próprio, o juiz,
deu-se ao desfrute de lembrar a importância de Lula para o Brasil e disse que,
aos 17, 18 anos, estava num comício petista com mais de um milhão de pessoas e
coisa e tal. ||| Bretas
o fazia para puxar o saco de se Lula? Não! Estava apenas puxando o saco de si
mesmo. Pretendeu, com isso, demonstrar que é um juiz isento, que não tem
adernamento ideológico nenhum, que cumpre a sua função com rigor técnico. Bem,
convenham: estivesse Lula depondo como réu, isso ainda poderia fazer algum
sentido. Mas ele era testemunha. Bretas usava o ex-presidente como escada para
tentar robustecer a sua mitologia pessoal. ||| Rápido, como de hábito, Lula emendou, rindo
discretamente: “Pode voltar agora. Quando eu fizer um comício, vou chamar o
senhor para participar”. ||| (...) Até agora, em todas as audiências de que
participou, não importa em que condição, o MPF não conseguiu apresentar uma
única evidência que tenha encostado o ex-presidente na parede. ||| Nem era o caso da sessão desta
terça. Ele era testemunha apenas. Mesmo assim, teve um desempenho notável e,
ora vejam, deu ao Ministério Público Federal e ao juiz Marcelo Bretas uma aula
prática sobre política. ||| (...)
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