quarta-feira, 25 de maio de 2016

Gravações escancaram pavor    de   Aécio    com delações  da   Lava  Jato


                                                                                              Gabriela Korossy/Agência Câmara
  

Seja na conversa com o ex-ministro de Michel Temer, Romero Jucá (PMDB-RR) quanto no áudio com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é clara a afirmação de que o tucano estava preocupado com o fato das delações citaram o seu nome.

Na gravação com Renan, ele diz que os políticos estão "com medo" dos desdobramentos da Operação Lava Jato e diz que o que Aécio o procurou para que verificasse se ainda havia informações sobre ele na delação feita pelo ex-senador Delcídio Amaral. 


MACHADO - É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que ele é o próximo da vez.                                   

RENAN - [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o...             

Em outro trecho, Renan conta: “Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa”.                                      


E Machado completa: “Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan...

A preocupação de Aécio com a delação de Delcídio do Amaral era porque o senador cassado afirmou em delação premiada que “sem dúvida” Aécio recebeu propina em um esquema de corrupção na estatal de energia Furnas. Segundo ele, o esquema era semelhante ao da Petrobras, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.

Delcídio também teria dito que o tucano agiu para alterar dados bancários do Banco Rural, do esquema do mensalão, que poderiam “atingir em cheio” Aécio e seus aliados.

Nesta quarta-feira (25), por meio de nota, Renan tentou desdizer o que disse, afirmando que o “medo” do Aécio era na verdade “indignação”.

Em relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), o senador Renan Calheiros se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral”, disse Renan.

Com Jucá a conversa não foi diferente. Demonstrando preocupação com as delações premiadas, Machado diz: “Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho...

Jucá concorda e diz que o alvo é todo mundo, inclusive o PSDB. Machado escancara: “O primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves /PSDB-MG].... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…

Machado continua a falar citando um suposto esquema para a eleição de Aécio como presidente da Câmara dos Deputados, entre 2001 e 2002: “O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?”.

Machado escancara que financiou campanhas para “eleger deputados” que garantissem, posteriormente, a eleição de Aécio como presidente da Câmara. E completa: “É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma...”. E Jucá respondeu: “Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não...

Machado continua a tecer suas considerações sobre Aécio. “O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...

Aécio: o colecionador de citações

Por enquanto, o tucano Aécio Neves coleciona citações em delações premiadas da Lava Jato.

Os primeiros a citarem o tucano foram o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretores de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Eles afirmaram que políticos do PSDB receberam recursos desviados de empresas estatais como a Petrobras e Furnas. Entre os beneficiados estariam o ex-presidente nacional do partido Sérgio Guerra e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Outro a falar de Aécio foi o lobista Fernando Moura. Segundo ele, Aécio recebia um terço dos recursos desviados de Furnas. 

O entregador de dinheiro de Youssef, Carlos Alexandre Souza Rocha, conhecido como Ceará, afirmou que Aécio era um dos destinatários do dinheiro e disse também ter ouvido de um executivo da empreiteira UTC que Aécio era o “mais chato” na cobrança de propinas. 

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