segunda-feira, 7 de novembro de 2016

“Quem foi, foi. Quem não foi,

não vai mais”

     caixa2
É curiosa a notícia da Folha(AQUI) de que  ” importantes setores da economia iniciaram uma série de conversas com parlamentares para pressionar o Congresso a aprovar medidas capazes de limitar possíveis danos provocados pelo avanço da Lava Jato”.
É de  supor que, para alguém do governo – incluídos aí os que estavam por lá e se bandearam ao golpe, como fez o próprio Presidente da República – receber “vantagens indevidas” alguém, para dá-las, mais vantagens indevidas deu ainda.
Agora, depois da terra arrasada, estão preocupados que isso afete a economia nacional?
Desculpem, a economia nacional já foi para lugares impronunciáveis.
A economia nacional, bem-entendido, não as suas polpudas fortunas, aqui e lá fora.
Diz o jornal que os “pesos-pesados” temem que uma delação de Eduardo Cunha possa arrastar “com facilidade mais uns cinco setores da economia para dentro da Lava Jato”, até  agora focada nas empreiteiras.
Estranho, se vale o furor “moral” contra empreiteiras  porque não valeria para bancos, corretoras de valores, grupos financeiros que, em matéria dano ao emprego, são muito menos importantes, mas em matéria de movimento financeiro são dezenas de vezes maiores?
Então essa nova “moralidade” vai fazer os acordos de leniência – proposição de Dilma e por ela transformada em lei – vão sair do seu leito de preservar as empresas, exclusivamente, para agora livrar de responsabilidades penais seus empresários?
Podem até livrá-los de responsabilidade indenizatórias por aquilo que não tenham pessoalmente embolsado, mas não das sanções penais, porque seria criar dois tipos de cidadãos: o que vai em cana se corromper e o que não vai em cana se corromper mas a empresa pagar uma multa.
O caixa dois sempre foi, para quase todos os partidos, uma realidade nas campanhas eleitorais. Mas o que se faz é pior, é criminalizar também as doações declaradas, porque seriam, na visão curitibana, apenas cobertura de recursos de propina.
Então vai se punir dinheiro declarado oficialmente e anistiar dinheiro não declarado, na suposição que, mesmo escondido assim, era lícito?
Está claro que o que se quer é mudar a regra do jogo: quem foi, foi; quem não foi, não vai mais.
A Câmara, não tenham dúvida, abrirá um flanco onde irão se enterrar as garras do Judiciário faminto de poder.
E o empresariado, que lucrou muito e sempre não entendeu que uma estrutura parasitária, que não produz, mas vive do que se produz, não hesita em matar o hospedeiro.

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