O principal objetivo do golpe
é destruir a Petrobrás
Tadeu Porto (*)
Ontem foi
daqueles dias
que qualquer nacionalista choraria, como se fosse o final de Toy Story 3.
Bem que
poderíamos aqui estar gastando água salgada com a série clássica da
Disney/Pixar mas foi outra
trilogia que o dia 11 de janeiro trouxe para nos deixar decepcionados de
maneira angustiante.
Numa só tacada,
no estilo Maquiavel “faça o mal todo de uma vez”, a gestão entreguista pós-golpe
da Petrobrás anunciou que: 1) pretende privatizar refinarias; 2) abriu licitações
somente para empresas estrangeiras e 3) espera construir a primeira plataforma
do campo de Libra fora do país.
Ações que
desnudam, até para o mais cego, as intenções por trás do Golpe de Estado que o
Brasil sofreu em 2016: destruir a Petrobrás e, com isso, a indústria e a
tecnologia nacional.
E quando este
humilde petroleiro escreve isso, não é apenas por achismo ou retórica: uma tese
de doutorado da Unicamp, do Dr. Marcelo Loural, demonstrou com toda propriedade
que a nossa estatal de petróleo tem um “Efeito
Dominó”(AQUI)considerável na economia nacional, em outras palavras, onde a
Petrobrás planta investimento nasce uma árvore de capital produtivo.
Por
exemplo: em determinado momento da sua investigação, Loural constatou que em
2013 a “Petrobrás respondeu pelo dobro dos gastos em investimentos
produtivos da Vale e de mais 72 indústrias nacionais de grande porte, somados”.
Ele disse: da Vale e
outras 72 empresas SOMADAS!!!
O que nos
espera, se essa política nefasta sair vitoriosa, é voltarmos a ser curral de
países colonizadores que exportarão para o Brasil sua tecnologia e produtos de
alto valor agregado nos deixando contentes com a venda exclusiva de matéria
prima.
Se nada
for feito, os empregos da Industria Naval já eram. Aqueles milhares de cursos
de especialização para inspetor de solda ou engenheiro civil vão ficar la na
Europa para um ou outro brasileiro da elite poder se especializar quando
cansar de viajar pra disney. Ademais, com as refinarias ao sabor do mercado, o
principal insumo da logística brasileira (pilar de qualquer economia) vai ficar
a mercê da irresponsabilidade do lucro a curto prazo que investidores usam
e abusam (e quebrou o mundo em 2008).
Sem
falar, também, no grande Golpe na industria brasileira que não vai poder
participar da licitação para parte da construção do Comperj. O lucro dessas
empresas vão parar em laboratórios de tecnologia do Canadá, da Alemanha ou do
Japão enquanto para o Brasil vai sobrar meia duzia de empregos diretos e,
provavelmente, precarizados com a contra-reforma trabalhista do Temer.
Com o
Golpe e a pinguela para o passado voltamos mesmo à época do entreguismo
exacerbado, das súplicas ao FMI e da privatização desenfreada. Ou melhor,
segundo o presidente usurpador, retornamos aos tempos em que a moeda em
circulação era o cruzeiro.
Parece
que a sexta-feira 13 não aguentou de ansiedade e apareceu na quarta.
(*) Tadeu Porto é
diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense
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