Luís
Roberto Barroso, o filho ingrato
da Universidade Pública
FERNANDO BRITO
O dr. Luís Roberto Barroso tem a marca daquilo que de pior o
caráter humano pode ter: a ingratidão.
Ele e eu nascemos no mesmo ano – 1958 – e ontem, numa reunião de
queridos amigos, comemorei os 40 anos passados desde que nos conhecemos, na
turma que iniciou seus estudos, em 1997, na Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Muitos de nós não estaríamos ali se a Universidade não fosse
pública e gratuita.
É verdade que alguns poderiam pagar, mas, mesmo os que vinham da
classe média, olhe lá se poderiam desembolsar uma mensalidade cara.
Ainda assim, o fato de todos iguais – podendo ou não – foi o
responsável por até hoje sermos iguais e, por isso, à parte as nuances de
opinião de cada um, nos entendermos sempre e nos aceitarmos como nunca.
Não sei se a família do dr. Barroso poderia pagar o prestigiado
curso de Direito da UERJ – no qual ele se vangloria de ter sido o 1° colocado
nas provas para livre docente e titular.
Coisa tão idiota quanto eu dizer, já casado e pai de
filhos, em que posição passei no vestibular para lá, no curso de
Direito que não pude terminar, mesmo grátis, porque a vida é dura.
Mas o dr. Barroso não se alimentou com os recursos da Educação Pública:
simplesmente entupiu-se deles.
E agora, que é dono de uma rica banca de advocacia, pelos méritos
que aquele ensino gratuito lhe permitiu acumular, vomita-o como inservível.
Minha mãe, filha de um operário e uma costureira, foi aluna da
mesma universidade do Dr. Barroso, então ainda Universidade do Distrito Federal(atual
UERJ), agora ameaçada de fechamento.
Posso, orgulhosamente, dizer ao dr. Barroso que, na minha família,
ninguém cospe no prato em que comeu saber, conhecimento, dignidade.
Não vou me elevar a argumentos teóricos, como os expostos por
professores de Direito no site Justificando(AQUI).
Fico nos morais: aquilo que a sociedade me deu, como base para o
que sou hoje, tem valor social.
Subordinar ao dinheiro privado a minha ‘mãe intelectual’, com
todos os defeitos que possa ter, é prostituí-la.
O que o Dr. Barroso, filho bem cuidado da universidade
pública, faz, para mim, tem esse sentido.
E tenho dúvidas de que poderíamos querer ser chamados pelo
nome que merecem os que pretende esse destino para nossas ‘mães
intelectuais’.
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