terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Luís Roberto Barroso, o filho ingrato

da  Universidade  Pública


                            

FERNANDO BRITO

  filhodapublica

   

O dr. Luís Roberto Barroso tem a marca daquilo que de pior o caráter humano pode ter: a ingratidão.

Ele e eu nascemos no mesmo ano – 1958 – e ontem, numa reunião de queridos amigos, comemorei os 40 anos passados desde que nos conhecemos, na turma que iniciou seus estudos, em 1997, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Muitos de nós não estaríamos ali se a Universidade não fosse pública e gratuita. 

É verdade que alguns poderiam pagar, mas, mesmo os que vinham da classe média, olhe lá se poderiam desembolsar uma mensalidade cara.

Ainda assim, o fato de todos iguais – podendo ou não – foi o responsável por até hoje sermos iguais e, por isso, à parte as nuances de opinião de cada um, nos entendermos sempre e nos aceitarmos como nunca.

Não sei se a família do dr. Barroso poderia pagar o prestigiado curso de Direito da UERJ – no qual ele se vangloria de ter sido o 1° colocado nas provas para livre docente e titular.

Coisa tão  idiota quanto eu dizer, já casado e pai de filhos, em que posição passei no vestibular para lá,  no curso de Direito que não pude terminar, mesmo grátis, porque a vida é dura.

Mas o dr. Barroso não se alimentou com os recursos da Educação Pública: simplesmente entupiu-se deles.

E agora, que é dono de uma rica banca de advocacia, pelos méritos que aquele ensino gratuito lhe permitiu acumular, vomita-o como inservível.

Minha mãe, filha de um operário e uma costureira, foi aluna da mesma universidade do Dr. Barroso, então ainda Universidade do Distrito Federal(atual UERJ), agora ameaçada de fechamento.

Posso, orgulhosamente, dizer ao dr. Barroso que, na minha família, ninguém cospe no prato em que comeu saber, conhecimento, dignidade.

Não vou me elevar a argumentos teóricos, como os expostos por professores de Direito no site Justificando(AQUI).

Fico nos morais: aquilo que a sociedade me deu, como base para o que sou hoje,  tem valor social.

Subordinar ao dinheiro privado a minha ‘mãe intelectual’, com todos os defeitos que possa ter, é prostituí-la.

O que o Dr. Barroso, filho bem cuidado da  universidade pública, faz, para mim, tem esse sentido.

E tenho dúvidas  de que poderíamos querer ser chamados pelo nome que merecem os que pretende esse destino para  nossas ‘mães intelectuais’. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário