quarta-feira, 1 de junho de 2016

Babás no Country Club:
quanto  nossas  elites
continuam  perversas 

FERNANDO BRITO   

  baba


Uma reportagem deste 31 de maio, no El País, ajuda a entender até que ponto as elites brasileiras rejeitam nosso povo.

Trata da história de Gabriela (nome fictício), babá de duas crianças pequenas, que “não sabe como explicar para elas que os pufes onde sentam para assistir às  televisão” da sala de brinquedos do Country Club de Ipanema, no Rio de Janeiro não são para que ela sentar também.

“O problema para mim não é sentar no chão, não. Para mim é complicado porque as crianças costumam dormir no meu colo enquanto assistem a TV. Aí, como eu não posso sentar, tenho que fazê-las dormir antes em outro lugar, para depois colocá-las no pufe”.

El País fez o que a imprensa brasileira não fez como campanha, apenas como registro, quando Ancelmo Góis publicou que o clube expulsou uma babá que usava um banheiro feminino.

E usava para a dar banho nas  filhas de um dos sócios.

Uma sócia explica à repórter que não é preconceito, é que elas – que limpam o cocô de seus dourados filhos, tão fedorento quanto o de qualquer um – “sujam os banheiros”.

Lembro  quanto nos custou, no Governo Brizola, fazer passar uma lei que permitia às empregadas domésticas o  uso de elevadores “sociais”.

As belas, recatadas e do lar  senhoras do Country podem ter tudo, menos humanidade. Mas estão felizes. Agora, certamente ruminam, "neste novo Brasil do governo Temer essa 'gentalha' vai voltar ao seu lugar..."

Leia a ótima reportagem de María Martín,  A Q U I. É uma gravura de Debret, em pleno século 21.

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