Babás no Country Club:
quanto nossas elites
continuam perversas
FERNANDO BRITO
Uma reportagem deste 31 de
maio, no El País, ajuda a entender até que ponto as elites
brasileiras rejeitam nosso povo.
Trata da história de
Gabriela (nome fictício), babá de duas crianças pequenas, que “não sabe como
explicar para elas que os pufes onde sentam para assistir às televisão” da
sala de brinquedos do Country Club de Ipanema, no Rio de Janeiro não
são para que ela sentar também.
“O problema para mim não é
sentar no chão, não. Para mim é complicado porque as crianças costumam dormir
no meu colo enquanto assistem a TV. Aí, como eu não posso sentar, tenho que
fazê-las dormir antes em outro lugar, para depois colocá-las no pufe”.
O El País fez o que a imprensa brasileira não fez
como campanha, apenas como registro, quando Ancelmo Góis publicou que o clube
expulsou uma babá que usava um banheiro feminino.
E usava para a dar
banho nas filhas de um dos sócios.
Uma sócia explica à
repórter que não é preconceito, é que elas – que limpam o cocô de seus dourados
filhos, tão fedorento quanto o de qualquer um – “sujam os banheiros”.
Lembro quanto nos custou,
no Governo Brizola, fazer passar uma lei que permitia às empregadas domésticas
o uso de elevadores “sociais”.
As belas, recatadas e do lar senhoras do Country podem ter tudo, menos humanidade. Mas estão felizes. Agora, certamente ruminam, "neste novo Brasil do governo Temer essa 'gentalha' vai voltar ao seu lugar..."
Leia a ótima reportagem de María Martín, A Q U I. É uma gravura de Debret, em
pleno século 21.
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