domingo, 26 de junho de 2016

Carta aberta ao senador Romário, tão 'marrento'  
quanto enganador            

Paulo Nogueira                      
 
Aplicou um drible para conseguir um cargo

Ele aplicou um drible para conseguir um cargo
Esta é mais uma carta de uma série que poderá ser transformada em livro sob o título de “Cartas aos Golpistas”.
Caro Romário:
Gosto muito de uma frase: “Só não me decepcionei com você porque nunca esperei nada de você.”

Acho que é uma frase minha mesmo. Às vezes a uso brincando, outras tantas a sério.
No seu caso, com certeza, é a sério.
Se eu tivesse alguma expectativa sobre você, me teria desapontado com seu papel no golpe. Não. Papel, não. Papelão.
Não me refiro apenas ao 'sim' no Senado. Falo também, e sobretudo, de suas artimanhas depois daquilo.
Você deu um drible na Democracia e no princípio da integridade ao sugerir que poderia dizer 'não', em vez de 'sim,' na sessão decisiva sobre o 'impeachment' de Dilma.
Com isso levou um cargo. Mas perdeu a máscara de político sério.
E sequer foi original. Repetiu a esperteza de Zezé Perrella, o amigo de Aécio, em cujo helicóptero foi encontrada meia tonelada de pó de cocaína. O homem do 'helicoca'!
Perrella, assim que encerrada a contagem de votos no Senado, anunciou numa entrevista à BBC Brasil: 'Temer está nas mãos dos senadores...'
Perrella notou que bastariam três senadores mudando de lado na segunda e definitiva votação para Temer ir para a lata de lixo.
Mais do que uma contagem matemática, ele deu um recado. Ou fez uma chantagem. Poucos dias depois, o filho de Perrella recebeu um cargo na CBF. Perrellinha estava, ou está, tão envolvido no escândalo do 'helicoca' quanto o pai. Nominalmente, era o dono do helicóptero.
Temer entendeu o recado de Perrella. E você também. A visita que fez a Dilma no Jaburu foi, vistas as coisas em retrospectiva, uma malandragem mais que qualquer outra coisa.
Caro Romário: você simboliza a política putrefata. Será lembrado pela posteridade como um grande jogador — como poucos — e um político desprezível, como tantos que atormentam os brasileiros e impedem que nos transformemos numa sociedade avançada.
Com a bola, você não foi um enganador. Foi craque mesmo. Mas como político é um tremendo de um enganador, um golpista sem nenhum escrúpulo e sem outro interesse que não seja o próprio.
Antes de me despedir, lembro que ainda esperamos os devidos esclarecimentos sobre aquela conta milionária na Suíça que você disse que não era sua: ficou malcontada a história.
Sinceramente,
Paulo.

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