A CONCENTRAÇÃO DE
RENDA NO BRASIL É OBSCENA. MAS ELES QUEREM MAIS
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Do El País, com base no estudo sobre distribuição de renda no
Brasil, embora soe uma trágica ironia usar a palavra “distribuição”: Jorge Paulo Lemann (AB Inbev),
Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto
Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes
(Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram,
juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a
metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se
gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o
equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade
realizado pela Oxfam. O levantamento também mostrou
que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da
população. E que aqueles que recebem um salário mínimo (937 reais) por mês (cerca
de 23% da população brasileira) teriam que trabalhar por 19 anos para obter a
mesma renda que os chamados super ricos. Os dados também apontaram para a
desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos,
mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão
equiparação de renda com brancos somente em 2089. ||| Traduzindo de maneira mais chocante: 10 milhões de
brasileiros têm a mesma renda que 195 milhões. E nem para aí para a comparação:
os 500 mil mais ricos, naquele grupo reúnem uma riqueza bem maior que 160
milhões de pessoas. Ou seja, cada um deles “vale” 320 brasileiros, ou oito
ônibus lotados. ||| Ah, mas isso é tipico dos países mais pobres, como os da América
Latina…É? ||| Neste ano, o Brasil
despencou(AQUI) 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU,
figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás
da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina,
por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o
Uruguai e três o Chile. ||| Claro, se estes ficassem paradinhos do jeito em que estão. Melhoramos, com as políticas de inclusão, claro, mas não há como
distribuir a alguém sem tirar de outros. É a própria coordenadora a Oxfam,
Kátia Maia que afirma: “Na base da pirâmide houve
inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo. Ampliar a base é importante,
mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um
momento em que não tem como ampliar a base”.
E isso, claro, implica mexer nos impostos e em suas estruturas.
Você ouve o tempo todo que a carga tributária brasileira é elevadíssima (e, de
fato, não é pequena) mas quase nunca sobre como ela é mal distribuída.
Como você vê na ilustração, os 10% mais pobres pagam uma carga de
impostos 50% mais alta que o décimo da população que tem renda mais alta.
Também não ouve falar que, desde o governo Fernando Henrique, que
a isenção de imposto de renda sobre juros sobre capital próprio, rendas no
exterior e lucros e dividendos que se embolsa das empresas é mais que o dobro de tudo o que se consome no Bolsa Família.
A íntegra do estudo da Oxfam está aqui, para quem
quiser conferir e saber mais detalhes.
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