JANOT ENTERRA SUA REPUTAÇÃO NUM 'RISCA-FACA'(*), MAS MOSTRA COMO OPERA, DE FATO, A JUSTIÇA BRASILEIRA
(Do AMgóes: 'risca-faca' é como se chama um bar tipo 'pé sujo', mal afamado, onde há confusão de bêbados todo dia)
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Janot e o advogado de Joesley se encontraram 'casualmente' entre engradados de cerveja, no 'reservado' de um 'risca-faca' em Brasília |
KIKO NOGUEIRA, no DCM
A foto do procurador Rodrigo Janot no canto de um risca-faca, de óculos escuros, conversando com o advogado de Joesley Batista, Pierpaolo Bottini, não é só a pá de cal em sua reputação. Representa o real funcionamento da Justiça brasileira. ||| Por trás das togas, das coletivas, dos maneirismos, do rigor, das cortes, do juiz duro, da “luta contra a corrupção”, do moralismo, do terror dos procuradores, as coisas se decidem ali, no pé sujo, atrás dos engradados de cerveja. A verdade está lá fora — da agenda. ||| Esse caldo alimenta, depois, a imprensa, com jornalistas bem pagos para transformar em escândalo o que foi decidido no botequim. Tem que ter uma porção de 'lula'. ||| O papo aconteceu um dia depois de a Procuradoria Geral da República pedir a prisão do dono da JBS e do diretor Ricardo Saud. Estaria Janot se explicando? ||| Segundo Bottini relatou à Folha de S. Paulo, o colóquio aconteceu do 'nada'. “Na minha última ida a Brasília, nesse fim de semana, cruzei casualmente com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, num local público e frequentado da capital”, declarou. ||| Não trataram de “qualquer questão afeita a temas jurídicos”. O tête-a-tête “foi uma demonstração de que as diferenças no campo judicial não devem extrapolar para a ausência de cordialidade no plano das relações pessoais”. Maravilha! Bem, se tudo foi tão natural, falta explicar por que o PGR usava Ray-Ban em um ambiente fechado e a mesa era escondida. ||| Janot pode contar que sofre de fotofobia e é fã de Anna Wintour, editora da Vogue, e os dois apreciam o cheiro de banheiro nos fundos de mosca-morta. ||| Ele também pode alegar que era um karaokê e que estava tocando “A Volta do Boêmio”, com Nelson Gonçalves, ou 'Eu não sou cachorro não', com Waldick Soriano, quando a emoção o dominou. Qualquer coisa. ||| Nenhum filme da Lava Jato, por pior que seja, é capaz de superar a realidade.
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