domingo, 24 de setembro de 2017

O MAIS PERIGOSO  PARA  A DEMOCRACIA É O MOURÃO OU O “MORÃO”?

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Francamente, não vou ficar discutindo a possibilidade de um golpe militar como sendo o maior escândalo de nossos tempos, por duas razões.  |||  A primeira é que são remotíssimas as possibilidades de se instaurar um governo militar num país da importância mundial do Brasil, mesmo que diariamente o governo faça tudo  para apequená-lo. É evidente que qualquer pessoa dotada de algum juízo geopolítico sabe que a conjuntura mundial, hoje, ao contrário dos tempos da “Guerra Fria”, o impede. E, mesmo que haja uma aventura insana, é algo que não se sustenta politicamente.  |||  Governo militar, hoje,  é coisa apara ex-capitães aloprados, jovens imbecilizados e senhores saudosistas. Militar com comando  e responsabilidade não acredita nisso, nem vai para aventuras que não sabe onde e como terminam. É coisa para aspirantes e tenentes bolsonaristas ou general em campanha prévia para o Clube Militar, onde vai curtir sua passagem para a reserva e se pode falar sem agir. Há quem fale em outras aventuras eleitorais: seu direito e uma falta de juízo sem tamanho.  |||  A segunda razão é que a ditadura que nos preocupa é a que já vivemos: a judicial.  |||   Esta, sim, não é um perigo, é uma realidade.  |||  Pior, é uma ditadura sem comando, pois o que seria seu “Estado Maior”, o STF, tornou-se uma espécie de “escolinha do Professor Raimundo” onde estamos debatendo as questões da “mais alta irrelevância” numa profusão de vaidades. Agora mesmo está julgando a questão do ensino religioso confessional, sem um mínimo de responsabilidade em ver que, neste momento, o tema é gasolina para os incendários do ódio.  |||  Se falta comando, porém, tenentes superpoderosos não são escassos neste diktat da toga.  |||  Além do 'tenente-master'(Sérgio) Moro esporulam outros que se apresentam como carrascos da corrupção, com especial predileção pela esquerda, ou até, na falta disto, para obterem seu brilhareco, dos gays, das meninas que perdem a virgindade, e tudo o mais que possa atrair a atenção pública, enquanto o governo postiço vai entregando tudo o que resta de patrimônio e esperanças deste país.  |||  Desculpem, mas eu não entro na gritaria contra a “ditadura militar” – que não desejo, óbvio, e creio, por tudo o que disse ao início, não virá – para fazer disto mais uma marola no tsunami punitivista com o medo do “prendam todos, senão prendemos vocês”.  |||  É mais água no moinho do autoritarismo não-militar, mas da meganhagem que se tornou o sistema judicial e parajudicial.  |||  Além de me apropriar, como faço a toda hora, das charges do Aroeira, pego emprestada também as frases da fina percepção do grande chargista: “Juízes prendem. PF prende. Procuradores prendem. Todos prendem. E escolhem quem prendem. Não vejo muitas possibilidades da Raquel[Dodge] fugir disso. É “exigência da sociedade” – leia-se: mídia. Quem discordou ou esboçou reação foi enquadrado.”  |||  É esta a ditadura que vivemos e que assombra, a judicial-midiática.  |||  E que pode descambar, como alguns dizem de Mourão, para uma candidatura “ordem na casa”, a qual põe em cana, previamente, quem puder ser seu adversário.  |||  Quem torce o nariz quando um general faz política, o que não pode fazer, mas bate palmas quando são juízes – igualmente impedidos de fazê-la – transformam-se em políticos da pior espécie: sem voto, sem princípios democráticos e com o direito de “cassar” e encarcerar apenas por suas “convicções”.  |||   Vivi(como tantos) a ditadura militar, o suficiente  para saber que era exatamente assim que faziam: prendiam para valer e cassavam em suas listas de “comunistas” e “corruptos” (JK, entre eles) todos os que poderiam ser referência para a população.  |||  Por isso, acho que o muito mais perigoso para a democracia e para a liberdade no país é o “Morão”, não o Mourão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário