O MAIS PERIGOSO PARA A DEMOCRACIA É O MOURÃO OU O “MORÃO”?
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Francamente,
não vou ficar discutindo a possibilidade de um golpe militar como sendo o maior
escândalo de nossos tempos, por duas razões.
||| A primeira é que são
remotíssimas as possibilidades de se instaurar um governo militar num país da
importância mundial do Brasil, mesmo que diariamente o governo faça
tudo para apequená-lo. É evidente que qualquer pessoa dotada de algum
juízo geopolítico sabe que a conjuntura mundial, hoje, ao contrário dos tempos
da “Guerra Fria”, o impede. E, mesmo que haja uma aventura insana, é algo que não
se sustenta politicamente. ||| Governo militar, hoje, é coisa apara
ex-capitães aloprados, jovens imbecilizados e senhores saudosistas. Militar com
comando e responsabilidade não acredita nisso, nem vai para aventuras que
não sabe onde e como terminam. É coisa para aspirantes e tenentes
bolsonaristas ou general em campanha prévia para o Clube Militar, onde vai
curtir sua passagem para a reserva e se pode falar sem agir. Há quem fale em
outras aventuras eleitorais: seu direito e uma falta de juízo sem tamanho. ||| A
segunda razão é que a ditadura que nos preocupa é a que já vivemos: a judicial. ||| Esta,
sim, não é um perigo, é uma realidade.
||| Pior, é uma ditadura sem
comando, pois o que seria seu “Estado Maior”, o STF, tornou-se uma espécie de
“escolinha do Professor Raimundo” onde estamos debatendo as questões
da “mais alta irrelevância” numa profusão de vaidades. Agora mesmo está
julgando a questão do ensino religioso confessional, sem um mínimo de
responsabilidade em ver que, neste momento, o tema é gasolina para os
incendários do ódio. ||| Se falta comando, porém, tenentes
superpoderosos não são escassos neste diktat da
toga. ||| Além do 'tenente-master'(Sérgio) Moro esporulam outros que se apresentam
como carrascos da corrupção, com especial predileção pela esquerda, ou até, na falta
disto, para obterem seu brilhareco, dos gays, das meninas que perdem a
virgindade, e tudo o mais que possa atrair a atenção pública, enquanto o
governo postiço vai entregando tudo o que resta de patrimônio e esperanças
deste país. ||| Desculpem, mas eu não entro na gritaria
contra a “ditadura militar” – que não desejo, óbvio, e creio, por tudo o que
disse ao início, não virá – para fazer disto mais uma marola no tsunami punitivista
com o medo do “prendam todos, senão prendemos vocês”. ||| É
mais água no moinho do autoritarismo não-militar, mas da meganhagem que se
tornou o sistema judicial e parajudicial.
||| Além de me apropriar,
como faço a toda hora, das charges do Aroeira, pego emprestada também as frases
da fina percepção do grande chargista: “Juízes
prendem. PF prende. Procuradores prendem. Todos prendem. E escolhem quem
prendem. Não vejo muitas possibilidades da Raquel[Dodge] fugir disso. É
“exigência da sociedade” – leia-se: mídia. Quem discordou ou esboçou reação foi
enquadrado.” ||| É esta a ditadura que vivemos e
que assombra, a judicial-midiática.
||| E que pode descambar, como
alguns dizem de Mourão, para uma candidatura “ordem na casa”, a qual põe em
cana, previamente, quem puder ser seu adversário. ||| Quem
torce o nariz quando um general faz política, o que não pode fazer, mas bate
palmas quando são juízes – igualmente impedidos de fazê-la – transformam-se em
políticos da pior espécie: sem voto, sem princípios democráticos e com o
direito de “cassar” e encarcerar apenas por suas “convicções”. ||| Vivi(como tantos) a ditadura militar, o suficiente para saber que era exatamente assim que
faziam: prendiam para valer e cassavam em suas listas de “comunistas” e
“corruptos” (JK, entre eles) todos os que poderiam ser referência para a
população. ||| Por isso, acho que o muito mais perigoso para a democracia e para
a liberdade no país é o “Morão”, não o Mourão.
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