sábado, 16 de setembro de 2017


A ORDEM É NÃO DEIXAR LULA SER CANDIDATO

Reprodução | REUTERS/Rodolfo Buhrer

RIBAMAR FONSECA, no BRASIL/247


A sistemática campanha de ódio que a grande mídia move há tempos contra Lula, mais precisamente desde a primeira vez em que se candidatou à Presidência da República, se intensificou agora como resposta ao sucesso da sua caravana pelo Nordeste, onde foi consagrado como o maior líder político deste país e candidato a voltar para o Palácio do Planalto. Alimentada pela Operação Lava-Jato, que lhe fornece a manchete de quase todos os dias contra o ex-presidente operário, a grande mídia parece ter tido um verdadeiro orgasmo com a delação de Antonio Palocci, abrindo grandes espaços para a divulgação das palavras do ex-ministro, consideradas o tiro de misericórdia na carreira política do ex-torneiro mecânico. Para alguns colunistas dos jornalões, que comentaram o fato em tom de comemoração, Palocci colocou a última pá de cal no sepultamento da candidatura de Lula às eleições presidenciais de 2018. Eles estão convencidos de que depois da delação do ex-ministro o líder petista vai despencar nas pesquisas de intenção de votos, onde tem se mantido na liderança com uma larga margem sobre seus concorrentes.   |||   
O depoimento de Palocci, que na verdade foi acreditado apenas pelos que desejam ardentemente o fim político de Lula, não deve alterar a vontade popular revelada nas pesquisas. O que pode impedir a sua candidatura à Presidência da República em 2018 – e evitar a sua eleição – é a Justiça partidarizada que, sob o comando do juiz Sergio Moro, vem tentando desesperadamente incriminá-lo de qualquer coisa, mesmo sem provas. Na realidade, o ex-presidente operário foi condenado muito antes da instalação da Operação Lava-Jato, que só precisa encontrar algo que possa justificar a sua condenação e, consequentemente, seu alijamento da vida pública. Há mais de dois anos o juiz e procuradores estão empenhados nessa busca, sem sucesso, o que, no entanto, não impediu que ele fosse transformado em réu em pelo menos cinco processos. Os seus perseguidores estão convencidos de que conseguirão pegá-lo num desses processos, mesmo que não haja provas, porque para prender e condenar alguém, hoje, os magistrados só precisam de convicção. Mas – pergunta-se – por que tanto ódio a Lula? Por que tanto empenho para impedi-lo de concorrer à Presidência no próximo ano? A resposta é simples: ele tirou o Brasil do mapa da fome e libertou-o da dependência dos Estados Unidos e, por isso, não deve ser presidente de novo.   |||   
Na verdade, além da elite, representada pela mídia familiar – que nunca conseguiu digerir um torneiro mecânico nordestino como Presidente da República – o maior interessado em impedir Lula de voltar ao Planalto é o governo dos Estados Unidos. Existem vários motivos para isso, entre eles a libertação do Brasil do dominio norte-americano e sua consequente aproximação da Russia e da China, passando a integrar um bloco de grande importância e expansão no contexto mundial: o Brics. Como líder natural da América do Sul, a tendência é o Brasil arrastar consigo os demais países sul-americanos, distanciando-os do Tio Sam. Há um outro motivo muito forte: nossas riquezas naturais, em especial o petróleo, que vem sendo cobiçado há muito tempo pela nação de Trump. Desde o governo de Getúlio Vargas que eles pressionam o nosso país, o que levou o caudilho gaúcho, por sua vez pressionado pelo povo, a criar a Petrobrás. Os brasileiros entreguistas, no entanto, admiradores do vizinho do Norte, vem desde aquela época trabalhando para entregar as nossas riquezas aos norte-americanos. Fernando Henrique, por exemplo, que foi eleito e reeleito com a decisiva ajuda dos dirigentes do Tesouro americano e do FMI, dos quais se tornou marionete, cumpriu em parte o programa de privatizações deles, entregando inclusive a Vale do Rio Doce.   |||   
FHC, no entanto, não conseguiu entregar a eles o que mais desejavam: a Petrobrás. Mas tentou, depois de quebrar o monopólio do petróleo. Fatiou a empresa, para vendê-la por partes, e, atendendo à ordem emanada de lá, tentou mudar, sem sucesso, o seu nome para Petrobrax. O que ele não conseguiu, porém, está sendo feito agora por Michel Temer, também entreguista e fruto de um golpe inspirado e orientado pelos estrategistas americanos, que espionavam a Petrobrás e, também, a presidenta Dilma Roussef, conforme denunciou o Wikileaks. Não foi por acaso que Pedro Parente, que foi chefe da Casa Civil de FHC, foi colocado na presidência da Petrobrás. A equipe econômica de FHC era constituída por brasileiros formados nas principais universidades americanas, com estreitas ligações com os dirigentes daquele país, o que facilitou a tarefa de desnacionalizar nossas estatais. Entre eles estavam Pedro Parente, Pérsio Arida, Arminio Fraga, Pedro Malan, Lara Resende, Edmar Bacha, todos norte-americanos de coração. Persio Arida, segundo revelou o ex-presidente Itamar Franco, queria privatizar tudo, inclusive o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. A propósito, o jornalista Mauro Santayanna, chegou a dizer, em artigo no “Correio Braziliense”, na época, que “eles não agem como brasileiros, porque pouco lhes interessa a miséria, a fome e a morte de nossa gente. Se ainda continuam aqui é porque aqui é mais fácil ganhar o dinheiro que investirão em sua pátria de escolha, os Estados Unidos”.   |||   
Além da mídia, que vem desenvolvendo há tempos uma campanha sistemática contra Lula, como parte da estratégia montada pelos americanos para impedi-lo de voltar a ser Presidente – já que foi ele que interrompeu a entrega de nossas riquezas, pagou ao FMI a dívida contraída por FHC e tornou o país realmente independente – também faz parte dessa operação para eliminar o ex-torneiro mecânico o juiz Sergio Moro, igualmente com estreitas ligações com o país do Tio Sam, para onde dizem que pretenderia se mudar por uns tempos. Ele está afinado com a mídia e com o programa de destruição de nossas grandes empresas, com a consequente demissão de milhares de trabalhadores. Até a construção do nosso submarino nuclear foi prejudicado pela Lava-Jato. E se Temer continuar no poder vão entregar também a base espacial de Alcântara, negocio iniciado ainda no governo de FHC. Se depender de Temer, aliás, também será entregue a Amazônia, onde ele extinguiu a Renca e onde o exército norte-americano fará exercícios militares ainda este ano. A julgar, portanto, pelo andamento do entreguismo, faltaria pouco para a sua anexação ao país de Trump.


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