GRAMPO DE CACIQUES DO PMDB, USADO EM DENÚNCIAS
POR JANOT, FOI ARQUIVADO
Conversa entre peemedebistas que se tornou um dos marcos dos grampos na Lava Jato foi usada pelo ex-PGR em diversas peças acusatórias. Quando deixou de ser necessária, tornou-se insuficiente para uma denúncia...
PATRÍCIA FAERMANN, no JORNAL/GGN
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, atendeu ao pedido do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e arquivou o inquérito contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), José Sarney (PMDB-AP) o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado, por obstrução à Operação Lava Jato. ||| Conforme o GGN divulgou, outras peças do ex-procurador-geral da República usavam trechos do diálogo grampeado entre Machado e os caciques peemedebistas para indicar que o impeachment de Dilma Rousseff foi parte das negociações de obstrução dos políticos aos avanços das investigações. ||| Foi o caso das denúncias contra Michel Temer, enviada à Câmara, e a denúncia contra Aécio Neves, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nas peças, Janot recorreu da chamada "estancar a sangria" para descrever ações de parlamentares e da cúpula do governo Temer para impedir as investigações da Operação, ocasionando o impeachment de Dilma. ||| No inquérito contra Aécio [leia aqui], Janot sustentava que o diálogo do senador com Jucá, mencionando que era preciso tomar alguma medida, porque seria "agora ou nunca", era continuidade da conversa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, de articulação dos parlamentares de ex-oposição para o impeachment e obstruir a Justiça. ||| Em seguida, nas peças contra o atual presidente da República [leia aqui], Janot também enfatizava a conexão da mesma conversa com as intenções de Temer de impedir os avanços da Lava Jato. Sem mencionar diretamente a frase de Jucá que se tornou célebre, o ex-PGR usou a lógica:
"Em diálogo captado, Romero Jucá e Sérgio Machado aduzem essa solução: 'SERGIO - Saiu na imprensa e... mais inteligente ela sair de licença. Passar o poder para o MICHEL. Ela tinha que garantir o que? Tinha que garantir que ela ficaria protegida. ROMERO - É, também acho... SERGIO - e se pode ser protegido pelo MICHEL. Então você tem a saída da renúncia que é melhor.., mas ela deixaria... acho que a licença... ROMERO - A licença é a mais suave, né? SERGIO - É má suave e ela continua presidente. - ROMERO - Negocia proteção ao Lula. SERGIO - Ela, ela sairia e continuaria presidente...(..) SERGIO - Tem que ter um... ROMERO - Eu acho que tem um, um pacto - SERGIO - Um pacto (..) o que for melhor pra segurança dela. Pede licença. Continua presidente. ROMERO - Num perde o forum." ||| Depois de citar parte do diálogo, Janot admitiu que o processo de afastamento da ex-presidente foi parte da estratégia de obstrução dos opositores: "Como não lograram êxito em suas tratativas, em 29.03.2016, o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em 17.04.2016, o pedido de abertura de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi aprovado pela Câmara dos Deputados." ||| Entretanto, contrariando todas as acusações contra Aécio e Temer, Janot pediu o arquivamento do inquérito que investigava a cúpula peemedebista. O motivo foi a recomendação da Polícia Federal. A delegada responsável pelo pedido foi Graziela Machado da Costa e Silva que, conforme o GGN revelou em outra reportagem, cometeu uma série de erros que favoreceram peemedebistas na Operação Lava Jato [leia aqui]. ||| A delegada colocou em risco toda a apuração após constatar que a delação de Sérgio Machado apresentava irregularidades. "Tem-se no caso presente que as conversas estabelecidas entre Sérgio Machado e seus interlocutores, limitaram-se à esfera pré-executória, ou seja, não passaram de meras cogitações (...) É preciso mais. Concluo que, no que concerne ao objeto deste inquérito, a colaboração que embasou o presente pedido de instrução mostrou-se ineficaz", havia entendido. ||| O documento assinado pela delegada Graziela foi remetido a Janot, que também não quis dar sequência às investigações, ainda que tenha usado o grampo em outros inquéritos e denúncias. Assim, o ex-procurador-geral da República pediu o arquivamento, autorizado por Fachin nesta semana.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, atendeu ao pedido do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e arquivou o inquérito contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), José Sarney (PMDB-AP) o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado, por obstrução à Operação Lava Jato. ||| Conforme o GGN divulgou, outras peças do ex-procurador-geral da República usavam trechos do diálogo grampeado entre Machado e os caciques peemedebistas para indicar que o impeachment de Dilma Rousseff foi parte das negociações de obstrução dos políticos aos avanços das investigações. ||| Foi o caso das denúncias contra Michel Temer, enviada à Câmara, e a denúncia contra Aécio Neves, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nas peças, Janot recorreu da chamada "estancar a sangria" para descrever ações de parlamentares e da cúpula do governo Temer para impedir as investigações da Operação, ocasionando o impeachment de Dilma. ||| No inquérito contra Aécio [leia aqui], Janot sustentava que o diálogo do senador com Jucá, mencionando que era preciso tomar alguma medida, porque seria "agora ou nunca", era continuidade da conversa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, de articulação dos parlamentares de ex-oposição para o impeachment e obstruir a Justiça. ||| Em seguida, nas peças contra o atual presidente da República [leia aqui], Janot também enfatizava a conexão da mesma conversa com as intenções de Temer de impedir os avanços da Lava Jato. Sem mencionar diretamente a frase de Jucá que se tornou célebre, o ex-PGR usou a lógica:
"Em diálogo captado, Romero Jucá e Sérgio Machado aduzem essa solução: 'SERGIO - Saiu na imprensa e... mais inteligente ela sair de licença. Passar o poder para o MICHEL. Ela tinha que garantir o que? Tinha que garantir que ela ficaria protegida. ROMERO - É, também acho... SERGIO - e se pode ser protegido pelo MICHEL. Então você tem a saída da renúncia que é melhor.., mas ela deixaria... acho que a licença... ROMERO - A licença é a mais suave, né? SERGIO - É má suave e ela continua presidente. - ROMERO - Negocia proteção ao Lula. SERGIO - Ela, ela sairia e continuaria presidente...(..) SERGIO - Tem que ter um... ROMERO - Eu acho que tem um, um pacto - SERGIO - Um pacto (..) o que for melhor pra segurança dela. Pede licença. Continua presidente. ROMERO - Num perde o forum." ||| Depois de citar parte do diálogo, Janot admitiu que o processo de afastamento da ex-presidente foi parte da estratégia de obstrução dos opositores: "Como não lograram êxito em suas tratativas, em 29.03.2016, o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em 17.04.2016, o pedido de abertura de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi aprovado pela Câmara dos Deputados." ||| Entretanto, contrariando todas as acusações contra Aécio e Temer, Janot pediu o arquivamento do inquérito que investigava a cúpula peemedebista. O motivo foi a recomendação da Polícia Federal. A delegada responsável pelo pedido foi Graziela Machado da Costa e Silva que, conforme o GGN revelou em outra reportagem, cometeu uma série de erros que favoreceram peemedebistas na Operação Lava Jato [leia aqui]. ||| A delegada colocou em risco toda a apuração após constatar que a delação de Sérgio Machado apresentava irregularidades. "Tem-se no caso presente que as conversas estabelecidas entre Sérgio Machado e seus interlocutores, limitaram-se à esfera pré-executória, ou seja, não passaram de meras cogitações (...) É preciso mais. Concluo que, no que concerne ao objeto deste inquérito, a colaboração que embasou o presente pedido de instrução mostrou-se ineficaz", havia entendido. ||| O documento assinado pela delegada Graziela foi remetido a Janot, que também não quis dar sequência às investigações, ainda que tenha usado o grampo em outros inquéritos e denúncias. Assim, o ex-procurador-geral da República pediu o arquivamento, autorizado por Fachin nesta semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário