Trucidado pelos canalhas da 'convicção'...
"Minha morte foi
decretada no dia de minha prisão", diz reitor em bilhete suicida
No Zero Hora/Diário Catarinense, a notícia de que um bilhete, do qual só
um trecho foi revelado, indica a razão do suicídio do reitor da Universidade de
Santa Catarina, preso, afastado do cargo e humilhado por supostas
irregularidades que, se ocorreram, foram antes de sua gestão, iniciada há
apenas um ano. ||| Diz o jornal que “segundo fonte
da Policia Civil, um bilhete foi escrito pelo professor Cancellier, onde teria escrito: “Minha morte foi decretada no
dia de minha prisão“. ||| A pergunta que as
pessoas de bem, agora, devem fazer, é a que faz o jornalista (como
Cancellier foi, antes de tornar-se Doutor em Direito e pesquisador consagrado,
com dezenas de publicações):
Quem
matou o reitor da UFSC?
QUEM MATOU O REITOR DA UFSC?
Carlos Damião,
no Notícias do Dia-SC
No
longo depoimento que me concedeu no dia 20 de setembro de 2017, no escritório
de seus advogados, o reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina),
Luiz Cancellier, desabafou: “É uma coisa da qual nunca vou me recuperar”. >>> Não
se referia apenas à Operação 'Ouvidos Moucos', desencadeada pela Polícia
Federal, com autorização da Justiça Federal, que apura supostos desvios no
programa de bolsas de ensino no curso de Administração à distância. Mas à
forma degradante como foi tratado quando transferido da sede da PF para o
Presídio da Agronômica. >>> “Todos
os presos são tratados assim, despidos, constrangidos, com as partes íntimas
revistadas. Depois são encaminhados ao pessoal do DEAP (Departamento de
Administração Prisional), para serem acomodados nas celas”.
>>> Pós-doutorado em Direito,
respeitado no Brasil e no exterior por suas pesquisas no campo do Direito
Administrativo, Cancellier estava desolado por causa da forma como ocorreu sua
prisão. Com endereço conhecido, disse que estaria sempre à disposição da
Justiça e de qualquer investigador da Polícia Federal, da CGU (Controladoria
Geral da União) e do TCU (Tribunal de Contas da União). >>> “Jamais me
recusaria a prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações, que não
abrangiam nossa gestão, mas as anteriores, desde 2006”, observou. Cancellier disse-me
naquele dia que contava com o apoio da comunidade acadêmica, dos amigos e dos
familiares. “É com a força
dessas pessoas que eu vou provar minha inocência”, declarou. Saímos do gabinete
dos advogados e fomos para a rua. Oito meses depois que havia parado de fumar
voltou a curtir umas baforadas. >>> Foi nosso último encontro,
fumando dentro do carro, lembrando histórias da nossa juventude, da militância
no movimento estudantil, do congresso de reconstrução da UNE, em 1979, do qual
participamos como delegados da UFSC.(…) >>> Quem matou o Reitor, um
homem apaixonado pelo trabalho, pelo Direito e pela UFSC? ||| Reproduzo, também a manifestação
indignada de uma referência para os jornalistas cariocas, Nílson Lage, mestre
em centenas de nós na UFRJ e que, depois, foi professor da Universidade Federal
de Santa Catarina, que Cancellier dirigia: Eis o motivo pelo qual nenhum homem honrado deve assumir cargos de
mando em um país dominado por arrogantes bacharéis plenipotenciários.
Os supostos atos ilícitos aconteceram antes de sua gestão; mas bastou a
denúncia de um dedo duro para que a polícia o prendesse com ridículo
espalhafato. A mídia de porta de cadeia, que desdenha da honra dos
outros, fez o resto. Destruída a reputação, suicidou-se por
ela. Do ponto de vista da meganhada, pode ser até uma confissão. Para
mim, é um grito à consciência desse país refém de justiceiros e
malfeitores. ||| Os canalhas, que não têm honra,
não sabem a dor de tê-la ferida.
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