O contraditório universo do vôlei brasileiro, das vitórias à roubalheira dos cartolas
Nuzman: preso por suborno para a Rio/16 |
Nesse caso específico de nossos enlameados esportes
olímpicos, envolvendo Carlos Nuzman(preso pela Polícia Federal) e Ary Graça
Filho, ambos denunciados por conta de um oceano de improbidades, justo
ressaltar a desassombrada atuação do jornalista Lúcio de Castro, cujas
reportagens(antes no canal televisivo ESPN/Brasil e atualmente em sua página
'Agência SportLight', da internet) foram decisivas para que emergissem as homéricas
falcatruas no COB, via CBV, sutilmente minimizadas pela mídia ‘limpinha e cheirosa’
e calculadamente urdidas faz décadas, cujo butim malcheiroso encheu as burras
desses dirigentes atrabiliários.
Ary Graça sucecedeu Nuzman na CBV |
Graça se escafedeu, homiziado em
Lausanne/Suiça, na presidência da
Federação Internacional de Vôlei, onde – alguém duvida? - subsiste a nata
pútrida dessa modalidade esportiva em nível planetário, caso contrário o brasileiro
já teria sido defenestrado de lá. Pelo contrário: no ano passado foi reeleito
para novo mandato, agora esticado para oito anos.
Nuzman, recrutador de Ary, não
está na FIVb porque alimentava outro 'sonho dourado': chegar proximamente à constelação
do COI, de maior amplitude mundial. Assim, a desmesurada ganância de poder a
qualquer custo manteve-o ‘estrategicamente’ no COB, cuidando da organização dos
Jogos Olímpicos, evento cuja escolha do Rio/2016 terá contado com colossal
suborno de milhões de dólares que ele próprio engendrou.
E os demais protagonistas do
'escalão das sombras' na CBV, hoje comandada por Walter Pitombo Laranjeiras, o
'Toroca', 84 anos, alagoano de Penedo, 34
à frente da Federação Alagoana de Vôlei, cuja celebrada 'magia administrativa' descoberta
por Nuzman, acabou por acomodá-lo, há mais de três décadas, na vice-presidência
da entidade nacional?
Walter Pitombo Laranjeiras, o 'Toroca' |
Toroca foi jogador de
vôlei(amador) do CRB de Maceió nos anos 1950/1960, eleito vereador, numa
sequência de mandatos, na esteira familiar de seu tio Ary Pitombo, um deputado federal pela legenda do antigo PTB, com influência nas indicações políticas regionais para os Institutos de Previdência até 1964. Os ‘cabos eleitorais’ do ‘nobre’ vereador eram, obviamente, as pessoas do universo maceioense do vôlei, além de sua vinculação aos grupos dominantes da sombria
política local nos tempos da ditadura.
sequência de mandatos, na esteira familiar de seu tio Ary Pitombo, um deputado federal pela legenda do antigo PTB, com influência nas indicações políticas regionais para os Institutos de Previdência até 1964. Os ‘cabos eleitorais’ do ‘nobre’ vereador eram, obviamente, as pessoas do universo maceioense do vôlei, além de sua vinculação aos grupos dominantes da sombria
política local nos tempos da ditadura.
TRINTA ANOS COMO ‘REGRA TRÊS
Walter Pitombo Laranjeiras, o
'Toroca', foi pinçado no palheiro nebuloso da cartolagem regional do vôlei
brasileiro por Carlos Arthur Nuzman e alçado ao posto de 'vice' da CBV em 1984,
malgrado a ausência de representatividade de seu estado inerente ao segundo
maior posto do vôlei brasileiro. Não consta qualquer registro de ‘ponto fora da
curva’ gerencial na pequena província, salvo a notória intermediação de promissoras atletas
alagoanas para os maiores centros do país e a ‘reserva de mercado’ que lhe
garantiu décadas de ascendência sobre um esporte tido como ‘de elite’ na
incipiente realidade esportiva de Alagoas.
Ary Graça na FIVb |
Eleito presidente da Federação
Internacional de vôlei em 2012, Ary Graça estranhamente apenas se licenciou da CBV,
manobra sub-reptícia para preservar o controle direto, agora se sabe, dos
nebulosos esquemas de malversação de dinheiro público afinal descobertos, finalmente
renunciando em 2014, no recrudescimento das denúncias, em favor de fiel ‘regra
três’, ‘vice’ da instituição desde 1984.
MAIS UM ‘FICHA SUJA’ NO VÔLEI
Zé Virgílio, do Ceará para a CBV |
O atual chefe de gabinete da
presidência da CBV, José Virgílio Lima Pires, o 'Zé Virgílio', é ex-dirigente
da Federação Cearense de Vôlei, em meio a cuja gestão foi condenado por
improbidade e enriquecimento ilícito, dada a utilização de recursos públicos,
via Banco do Brasil, até hoje sem convincente prestação de contas de projetos ditos
'assistenciais e esportivos' em seu estado, rumoroso processo empurrado às
calendas até ser impronunciado por ‘decurso de prazo’.
Questionado por nomear Zé
Virgílio, coordenador de sua agenda oficial, com interferência ‘informal’ em
todas as decisões administrativas da
FBV, Toroca justificou tê-lo escolhido por singelos 'critérios técnicos'. Pelo
que se depreende,mais um ‘jênio’(com ‘j’)
desembarcado de mala e cuia na CBV! Por oportuno: Zé Virgílio, em decorrência
de suas ‘peripécias’ provinciais, teve a candidatura impugnada a vereador na
pequena cidade cearense de Icó, menos de uma década atrás.
Toroca, mais de 30 anos na CBV |
A mídia, autodeclarada
'investigativa', proximamente se deterá sobre a vida pregressa de Walter
Pitombo Laranjeiras, o 'Toroca', até por sua celebrada idoneidade em meio à
imundície que permeia os elevados escalões do esporte brasileiro, face ao
incontestável rol de fatos escabrosos protagonizados pelos badalados parceiros,
sobre os quais oficialmente jamais se pronunciou. Salvo através de notas, em tom visivelmente tergiversante, anunciando
que ‘aguardará o fim das investigações para se manifestar’.
Seria pertinente, dadas as criminosas
ocorrências em seu derredor, que o atual presidente da CBV, do alto de um longevo
curso octogenário, tirasse o time de campo, conquanto tal
iniciativa não o descolará da referência a suposto acumpliciamento com os
malfeitos recém-trazidos à tona. Alguém jurará
de pés juntos que o ‘venerando’ Toroca, íntimo avalista do poder de Nuzman e
Ary Graça nos últimos 30 anos, ainda que sem locupletar-se pessoalmente, jamais
intuiu sobre o ‘caminho das pedras’ pelos quais transitou desde sempre a
malversação da dinheirama pública destinada ao vôlei brasileiro?
Não seria o momento estratégico
de Laranjeiras recolher-se a merecida aposentadoria, antes de a corda rebentar
de seu lado, o mais fraco, como se depreende, nesse ‘imbroglio’ que emporcalha nossas
instituições olímpicas?
Acaso os escândalos de ladroagem
aqui citados, bem assim os do futebol, desde Havelange e seu (ex-)genro
Ricardo Teixeira a Marin e Del Nero, no conluio Fifa-CBF-J.Hawila-Globo, todos às voltas com incontornáveis
pendências judiciais, à exceção do primeiro, que faleceu execrado mundo afora, não
levam o conterrâneo Toroca a refletir que, pelo andar da carruagem, na
irreversível profilaxia de velhos métodos de governança esportiva, será
proximamente ‘ungido’ a potencial carta fora do baralho?
Agora, convenhamos em alto e bom
tom: por que cargas d’água, em lugar de embolorados e recalcitrantes
dinossauros que não largam o osso, não oxigenam nossas entidades esportivas com
jovens quadros, disponíveis no mercado profissional do esporte, vários deles
ex-atletas, de notória especialização acadêmica em suas áreas?
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