O que fazer
do Brasil ?
MÁRCIA PEREIRA LEITE, professora de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, expôs as entranhas de nossa submissão aos deletérios ditames do capital financeiro.
--As
novas leis, a despeito das justificações do bloco no poder, promovem e
viabilizam a expulsão dos custos de produção da força de trabalho da folha de
pagamentos do capital e dos custos de sua reprodução ampliada por parte do
Estado, por meio da aplicação de políticas públicas. Custos que se traduziram
em direitos sociais de cidadania conquistados a duras penas pelos trabalhadores
europeus, dos séculos XIX e XX, e que, entre nós, foram instituídos pelo governo
Vargas – nos dois casos, como forma de lidar com os conflitos de classe.
--Hoje, no “brasil”, aparentemente perdemos, no
Estado e na sociedade, as referências a esse pacto civilizatório mínimo que
constituiu a nação. Perdemos o reconhecimento da alteridade como parte de uma
humanidade comum. Informados pela mídia e/ou pelas redes sociais, temos
acompanhado microcenas de horror e barbárie que vêm compondo um enredo
perverso.
--Em nossas favelas e periferias, o assassinato
de jovens moradores, usualmente negros, é também uma prática estatal
corriqueira, há muitos anos. Sempre pouco visibilizada, raramente lamentada, e
“legalizada” sob o instituto do auto de resistência. Esse dispositivo, amparado
pelo artigo 23 do Código de Processo Penal brasileiro, é referendado pela
prática policial/estatal há mais de quatro décadas. Atribui ao agente estatal
“na ponta” (policiais militares em suas incursões em favelas e periferias) a
decisão de executar qualquer pessoa e registrar o evento como decorrente de
resistência armada da vítima dessa ação.
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