quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O que fazer
do  Brasil ?


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MÁRCIA PEREIRA LEITE, professora de Sociologia da Universidade do Estado  do Rio de Janeiro,   expôs  as   entranhas   de    nossa submissão aos  deletérios ditames do capital financeiro. 
--As novas leis, a despeito das justificações do bloco no poder, promovem e viabilizam a expulsão dos custos de produção da força de trabalho da folha de pagamentos do capital e dos custos de sua reprodução ampliada por parte do Estado, por meio da aplicação de políticas públicas. Custos que se traduziram em direitos sociais de cidadania conquistados a duras penas pelos trabalhadores europeus, dos séculos XIX e XX, e que, entre nós, foram instituídos pelo governo Vargas – nos dois casos, como forma de lidar com os conflitos  de classe.
--Hoje, no “brasil”, aparentemente perdemos, no Estado e na sociedade, as referências a esse pacto civilizatório mínimo que constituiu a nação. Perdemos o reconhecimento da alteridade como parte de uma humanidade comum. Informados pela mídia e/ou pelas redes sociais, temos acompanhado microcenas de horror e barbárie que vêm compondo um enredo perverso.
--Em nossas favelas e periferias, o assassinato de jovens moradores, usualmente negros, é também uma prática estatal corriqueira, há muitos anos. Sempre pouco visibilizada, raramente lamentada, e “legalizada” sob o instituto do auto de resistência. Esse dispositivo, amparado pelo artigo 23 do Código de Processo Penal brasileiro, é referendado pela prática policial/estatal há mais de quatro décadas. Atribui ao agente estatal “na ponta” (policiais militares em suas incursões em favelas e periferias) a decisão de executar qualquer pessoa e registrar o evento como decorrente de resistência armada da vítima dessa ação.



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