quarta-feira, 26 de setembro de 2018


Ibope:  30% do eleitorado 
são "antipetistas",  mas outros 29% preferem o PT
Rejeição a Bolsonaro, no Nordeste e entre mulheres, é expressiva.  Haddad tem muitos votos para colher na região onde Lula é quase-unanimidade...
CÍNTIA ALVES,no JORNAL/GGN
O Ibope divulgado nessa segunda(24) tentou dimensionar o tamanho do antipetismo, que é citado em vários debates quando o assunto é a possibilidade - que ganha contornos mais fortes a cada pesquisa - de um segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Os dados do levantamento mostram, ao contrário do que foi produzido pelo senso comum nos últimos anos, um certo equilíbrio entre o volume de eleitores que rejeitam o PT - que o Estadão chamou de "antipetistas" - e os eleitores que têm o partido de Lula como sigla preferida.   |||   Segundo o Ibope, exatamente 30% do eleitorado "não votaria de jeito nenhum" no PT, nesta eleição. Outros 27%, contudo, disseram que o PT é seu partido favorito dentre todos os outros. A margem de erro da pesquisa (em anexo) é de 2 pontos percentuais.   |||   O Estadão divulgou esses dados sob a manchete "Bolsonaro cresce nas intenções de voto de antipetistas". Mas o que se depreende da análise é que Bolsonaro, na verdade, abocanhou um eleitorado que tradicionalmente vinha votando no PSDB e outros candidatos contrários ao PT.   |||   Na média nacional, Bolsonaro não cresceu desde a última pesquisa. Ele está hoje com 28% das intenções de voto, "estabilizou", enquanto Haddad cresceu 3 pontos e chegou a 22%.   |||   A mesma pesquisa Ibope indica que, no eleitorado "antipetista", Bolsonaro cresceu de 53% (dado aferido no dia 11/9) para 59%. No dia 5 de setembro, véspera do atentado em Minas Gerais, ele tinha 41% entre os eleitores que rejeitam o PT. Ou seja, ele cresceu 18 pontos nesse nicho, sendo que 11 pontos ele retirou dos adversários, diz o Estadão.   |||   "Com isso, o PSDB, que por mais de 25 anos polarizou a política nacional com o PT, perdeu na atual campanha o papel de protagonista no eleitorado avesso ao partido de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os antipetistas, o tucano Geraldo Alckmin tem apenas 10% dos votos, o equivalente a um sexto da taxa de Bolsonaro", descreveu o Estadão.   |||   Os números mostram como a campanha de Bolsonaro esvaziou a de Alckmin em seu segmento eleitoral.  Hoje, o PSDB é o partido mais rejeitado por 8% dos eleitores, ocupando o segundo lugar. O PT é o peferido, com seus 29%. Outros 10% citaram o PSDB como partido preferido.

REJEIÇÃO A BOLSONARO E HADDAD

Apesar do jogo aparentemente equilibrado no quesito favoritismo vs. antipetismo, é de se questionar se a rejeição a Haddad crescerá a ponto de permitir que Bolsonaro seja eleito.  O capitão da reserva é atualmente o candidato mais rejeitado de todos. Ele tem 46% de "não votaria de jeito nenhum", contra 30% de Haddad.   |||   Outra informação ruim para a campanha de Bolsonaro: ele tem uma rejeição expressiva entre as mulheres (54%, contra 26% de Haddad), numa eleição em que o voto feminino pode virar o jogo. O resultado, inclusive, reflete movimento de mulheres organizado nas redes sociais, que ganhou repercussão internacional nesta semana, com as participantes usando a hashtag #elenão.    |||  Além de ser repudiado no nicho feminino, Bolsonaro também é recordista em rejeição no Nordeste: lá, 60% disseram ao Ibope que não votariam no deputado de jeito nenhum.  A título de comparação: Haddad é rejeitado por 36% do Sudeste e 34% do Sul, regiões mais propensas a votar em Bolsonaro, em substituição ao PSDB.   |||   Além da rejeição, no Ibope, Bolsonaro tem uma parcela de 24% de eleitores que dizem que votam nele hoje, mas que podem mudar de opinião até o dia 7 de outubro, ou que têm no candidato apenas uma "preferência inicial".  |||  Haddad tem mais uma carta na manga: ainda tem metade do eleitorado do PT no Nordeste para conquistar. Do total de 22% que declaram voto no petista na média nacional, 34% estão no Nordeste, onde o PT teve, nas últimas 3 eleições presidenciais, um patamar de 60% dos votos.

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