Ibope: 30% do
eleitorado
são "antipetistas", mas outros 29% preferem o PT
Rejeição a Bolsonaro, no Nordeste e entre mulheres, é expressiva. Haddad tem muitos votos para colher na região onde Lula é quase-unanimidade...
CÍNTIA ALVES,no JORNAL/GGN
O Ibope divulgado nessa segunda(24) tentou dimensionar o tamanho do antipetismo, que é citado em vários debates
quando o assunto é a possibilidade - que ganha contornos mais fortes a cada
pesquisa - de um segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Os dados
do levantamento mostram, ao contrário do que foi produzido pelo senso comum nos
últimos anos, um certo equilíbrio entre o volume de eleitores que rejeitam o PT
- que o Estadão chamou de "antipetistas" - e os eleitores que têm o
partido de Lula como sigla preferida. ||| Segundo o Ibope, exatamente 30% do
eleitorado "não votaria de jeito nenhum" no PT, nesta eleição. Outros
27%, contudo, disseram que o PT é seu partido favorito dentre todos os outros.
A margem de erro da pesquisa (em anexo) é de 2 pontos percentuais. ||| O Estadão divulgou esses dados sob a
manchete "Bolsonaro cresce nas intenções de voto de
antipetistas". Mas o que se depreende da análise é que Bolsonaro,
na verdade, abocanhou um eleitorado que tradicionalmente vinha votando no PSDB
e outros candidatos contrários ao PT. ||| Na média nacional, Bolsonaro não
cresceu desde a última pesquisa. Ele está hoje com 28% das intenções de voto,
"estabilizou", enquanto Haddad cresceu 3 pontos e chegou a 22%. ||| A mesma pesquisa Ibope indica que, no
eleitorado "antipetista", Bolsonaro cresceu de 53% (dado aferido no
dia 11/9) para 59%. No dia 5 de setembro, véspera do atentado em Minas Gerais,
ele tinha 41% entre os eleitores que rejeitam o PT. Ou seja, ele cresceu 18
pontos nesse nicho, sendo que 11 pontos ele retirou dos adversários, diz o
Estadão. ||| "Com isso, o PSDB, que por mais
de 25 anos polarizou a política nacional com o PT, perdeu na atual campanha o
papel de protagonista no eleitorado avesso ao partido de Luiz Inácio Lula da
Silva. Entre os antipetistas, o tucano Geraldo Alckmin tem apenas 10% dos
votos, o equivalente a um sexto da taxa de Bolsonaro", descreveu o
Estadão. ||| Os números mostram como a campanha de
Bolsonaro esvaziou a de Alckmin em seu segmento eleitoral. Hoje, o PSDB é o partido mais
rejeitado por 8% dos eleitores, ocupando o segundo lugar. O PT é o peferido,
com seus 29%. Outros 10% citaram o PSDB como partido preferido.
REJEIÇÃO A BOLSONARO E HADDAD
Apesar do jogo aparentemente
equilibrado no quesito favoritismo vs. antipetismo, é de se questionar se a
rejeição a Haddad crescerá a ponto de permitir que Bolsonaro seja eleito. O capitão da reserva é atualmente o
candidato mais rejeitado de todos. Ele tem 46% de "não votaria de jeito
nenhum", contra 30% de Haddad. ||| Outra informação ruim para a campanha
de Bolsonaro: ele tem uma rejeição expressiva entre as mulheres (54%, contra
26% de Haddad), numa eleição em que o voto feminino pode virar o jogo. O
resultado, inclusive, reflete movimento de mulheres organizado nas redes
sociais, que ganhou repercussão internacional nesta semana, com as
participantes usando a hashtag #elenão. ||| Além de ser repudiado no nicho
feminino, Bolsonaro também é recordista em rejeição no Nordeste: lá, 60%
disseram ao Ibope que não votariam no deputado de jeito nenhum. A título de comparação: Haddad é
rejeitado por 36% do Sudeste e 34% do Sul, regiões mais propensas a votar em
Bolsonaro, em substituição ao PSDB. ||| Além da rejeição, no Ibope, Bolsonaro
tem uma parcela de 24% de eleitores que dizem que votam nele hoje, mas que
podem mudar de opinião até o dia 7 de outubro, ou que têm no candidato apenas
uma "preferência inicial". ||| Haddad tem mais uma
carta na manga: ainda tem metade do eleitorado do PT no Nordeste para
conquistar. Do total de 22% que declaram voto no petista na média nacional, 34%
estão no Nordeste, onde o PT teve, nas últimas 3 eleições presidenciais, um
patamar de 60% dos votos.
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