quarta-feira, 19 de setembro de 2018


BOLSONARO  E  MOURÃO
CONSPIRAM  CONTRA
AS   URNAS
Resultado de imagem para Fotos de Mourão e bOLSONARO FARDADOS


Na democracia, o povo é a fonte da soberania. Ele encarna o direito do voto como caminho mais legítimo para um sistema político verdadeiramente representativo e democrático. Afrontá-lo é uma atitude incivilizada, um desprezo ao pacto que gerou a Constituição da República. Mesmo golpeada nesse período em que forças retrógadas assaltaram o poder, ela é a batuta que rege as eleições deste ano. Foi o que fez Jair Bolsonaro, em mais um de seus arroubos autoritários.   |||   De acordo o candidato do PSL, haveria um complô para derrotá-lo, mais provavelmente no segundo turno, que estaria sendo armado para fraudar as urnas eletrônicas. “O PT descobriu o caminho para o poder: o voto eletrônico", esbravejou Bolsonaro.   |||   Há, nessas declarações, mensagens subliminares. Com esse assaque à democracia, o candidato da extrema direita, fascista, incita seus seguidores à exasperação, apostando no limite da tensão criada por sua tática da radicalização, ao mesmo tempo em que lança uma espécie de ordem unida para a amarração dos votos que ele julga conquistáveis. Seu medo da decisão soberana do eleitorado é explícito. Afinal, não é do seu feitio manifestar apreço à democracia.   |||   A afronta de Bolsonaro também semeia golpismo ao insinuar que ele não acatará a decisão das urnas. Suas palavras são como sementes de insubordinação às regras do jogo democrático, uma confissão de que eleições só têm serventia se for para decidir a seu favor. Soma-se a essa ameaça os vitupérios do general Hamilton Mourão, o candidato a vice-presidente de Bolsonaro, pregando que um autogolpe pode ser deflagrado em situação hipotética de “anarquia”. Nos dois casos há uma confessa intenção de não respeitar as regras eleitorais vigentes e a democracia.   |||   Um aspecto de alta relevância nesse festival de insensatez é o uso do “petismo” como motivo para as ameaças. Bolsonaro e Mourão sabem que no jogo limpo, dentro das regras constitucionais, será muito difícil deter a grande aceitação, conquistada em apenas uma semana, da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila. Ao contrário das intenções de votos da extrema direita, impulsionadas pela exasperação radicalizada e sustentadas na retórica do terrorismo ideológico, a densidade eleitoral destas candidaturas está lastreada em um programa de governo cujos efeitos benéficos para largas camadas da população são visíveis a olho nu.   |||   Esse recurso de afrontar a democracia tem precedente. Nas eleições de 2014 o PSDB, partido do candidato da direita Aécio Neves, sob a alegação de "desconfianças" propagadas nas redes sociais que “colocam em dúvida desde o processo de votação até a totalização" da contagem nas eleições presidenciais, pediu à Justiça Eleitoral uma auditoria no resultado do segundo turno que deu vitória à presidenta Dilma Rousseff. O tapetão não deu em nada — a não ser no reconhecimento do ex-presidente tucano Tasso Jereissati de que a iniciativa foi um erro e no atestado de lisura na apuração pela presidente do TSE Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber.   |||   Segundo a ministra, em 22 anos de utilização de urnas eletrônicas não há nenhum caso de fraude comprovada. “As pessoas são livres para expressar a sua opinião, mas quando essa opinião é desconectada com a realidade, nós temos que buscar os dados da realidade", opinou. Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), também criticou o devaneio de Bolsonaro, dizendo que ele "sempre foi eleito" por meio desse equipamento. “Tem gente que acredita em Saci Pererê", agulhou.   |||   Essa ofensiva da chapa da extrema direita não pode ser subestimada. Não é algo irrelevante e meramente conjuntural. É parte da essência de uma proposta eleitoral antidemocrática, uma pregação aberta de insubordinação às urnas que levanta suspeitas infundadas, sem nenhum respaldo em evidências. Ao mesmo tempo, busca insuflar o golpismo para induzi-lo a entrar no terreno da conspiração contra a vontade do povo. Merece firme repúdio de todas as forças política e ideológicas comprometidas com a democracia. 


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