em CARTA histórica DE LULA, HADDAD-PRESIDENTE E MANUELA-VICE
No BRASIL/247
Confira a carta histórica em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político, anuncia o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) para disputar o Palácio do Planalto.
Meus
amigos e minhas amigas:
Vocês já devem
saber que os tribunais proibiram minha candidatura a presidente da República.
Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste
realidade do país.
Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar. Há mais de 40 anos
ando junto com o povo, defendendo a igualdade e a transformação do Brasil num
país melhor e mais justo. E foi andando pelo nosso país que vi de perto o
sofrimento queimando na alma e a esperança brilhando de novo nos olhos da nossa
gente. Vi a indignação com as coisas muito erradas que estão acontecendo e a
vontade de melhorar de vida outra vez.
Foi para corrigir tantos erros e renovar a esperança no futuro
que decidi ser candidato a presidente. E apesar das mentiras e da perseguição,
o povo nos abraçou nas ruas e nos levou à liderança disparada em todas as
pesquisas.
Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não cometi
nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo
desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4 a
apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por
crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos indeterminados.
Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança política,
sempre usando medidas de exceção contra mim. Eles não querem prender e
interditar apenas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Querem prender e
interditar o projeto de Brasil que a maioria aprovou em quatro eleições
consecutivas, e que só foi interrompido por um golpe contra uma presidenta
legitimamente eleita, que não cometeu crime de responsabilidade, jogando o país
no caos.
Vocês
me conhecem e sabem que eu jamais desistiria de lutar. Perdi minha companheira
Marisa, amargurada com tudo o que aconteceu a nossa família, mas não desisti,
até em homenagem a sua memória. Enfrentei as acusações com base na lei e no
direito. Denunciei as mentiras e os abusos de autoridade em todos os tribunais,
inclusive no Comitê de Direitos Humanos da ONU, que reconheceu meu direito de
ser candidato.
A comunidade
jurídica, dentro e fora do país, indignou-se com as aberrações cometidas por
Sergio Moro e pelo Tribunal de Porto Alegre. Lideranças de todo o mundo
denunciaram o atentado à democracia em que meu processo se transformou. A
imprensa internacional mostrou ao mundo A o que a Globo tentou esconder.
E mesmo
assim os tribunais brasileiros me negaram o direito que é garantido pela
Constituição a qualquer cidadão, desde que não se chame Luiz Inácio Lula da
Silva. Negaram a decisão da ONU, desrespeitando do Pacto Internacional dos
Direitos Covis e Políticos que o Brasil assinou soberanamente.
Por ação, omissão
e protelação, o Judiciário brasileiro privou o país de um processo eleitoral
com a presença de todas as forças políticas. Cassaram o direito do povo de
votar livremente. Agora querem me proibir de falar ao povo e até de aparecer na
televisão. Me censuram, como na época da ditadura.
Talvez nada
disso tivesse acontecido se eu não liderasse todas as pesquisas de intenção de
votos. Talvez eu não estivesse preso se aceitasse abrir mão da minha
candidatura. Mas eu jamais trocaria a minha dignidade pela minha liberdade,
pelo compromisso que tenho com o povo brasileiro.
Fui incluído
artificialmente na Lei da Ficha Limpa para ser arbitrariamente arrancado da
disputa eleitoral, mas não deixarei que façam disto pretexto para aprisionar o
futuro do Brasil.
É diante
dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no prazo que foi imposto
de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à Coligação "O Povo Feliz de
Novo" a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando
Haddad, que até este momento desempenhou com extrema lealdade a posição de
candidato a vice-presidente.
Fernando
Haddad, ministro da Educação em meu governo, foi responsável por uma das mais
importantes transformações em nosso país. Juntos, abrimos as portas da
Universidade para quase 4 milhões de alunos de escolas públicas, negros,
indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram antes esta oportunidade.
Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o Fundeb, o Enem, o Plano
Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes mais escolas técnicas
do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro.
Haddad é o
coordenador do nosso Plano de Governo para tirar o país da crise, recebendo
contribuições de milhares de pessoas e discutindo cada ponto comigo. Ele será
meu representante nessa batalha para retomarmos o rumo do desenvolvimento e da
justiça social.
Se querem
calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o País, estão muito enganados.
Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é
Haddad.
Ao lado
dele, como candidata a vice-presidente, teremos a companheira Manuela D'Ávila,
confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB, e que também conta com outras
forças, como o PROS, setores do PSB, lideranças de outros partidos e,
principalmente, com os movimentos sociais, trabalhadores da cidade e do campo,
expoentes das forças democráticas e populares.
A nossa
lealdade, minha, do Haddad e da Manuela, é com o povo em primeiro lugar. É com
os sonhos de quem quer viver outra vez num país em que todos tenham comida na
mesa, em que haja emprego, salário digno e proteção da lei para quem trabalha;
em que as crianças tenham escola e os jovens tenham futuro; em que as famílias
possam comprar o carro, a casa e continuar sonhando e realizando cada vez mais.
Um país em que todos tenham oportunidades e ninguém tenha privilégios.
Eu sei que
um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E
nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da
esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo.
Quero
agradecer a solidariedade dos que me enviam mensagens e cartas, fazem orações e
atos públicos pela minha liberdade, que protestam no mundo inteiro contra a
perseguição e pela democracia, e especialmente aos que me acompanham
diariamente na vigília em frente ao lugar onde estou.
Um homem
pode ser injustamente preso, mas as suas ideias, não. Nenhum opressor pode ser
maior que o povo. Por isso, nossas ideias vão chegar a todo mundo pela voz do
povo, mais alta e mais forte que as mentiras da Globo.
Por isso,
quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro
Fernando Haddad para Presidente da República. E peço que votem nos nossos
candidatos a governador, deputado e senador para construirmos um país mais
democrático, com soberania, sem a privatização das empresas públicas, com mais
justiça social, mais educação, cultura, ciência e tecnologia, com mais
segurança, moradia e saúde, com mais emprego, salário digno e reforma agrária.
Nós já somos
milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões
de brasileiros.
Até breve,
meus amigos e minhas amigas. Até a vitória!
Um abraço do
companheiro de sempre,
Luiz
Inácio Lula da Silva
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