A NOITE EM QUE LULA VOLTOU AOS
BRAÇOS DO POVO E, VIA GILMAR
MENDES, ÀS GARRAS FASCISTAS
DE SERGIO MORO
Pedro Zambarda 
O ato pró-democracia na Avenida Paulista, em São Paulo, nessa última sexta-feira(18), reuniu entre 380 e 400 mil, disseram-me os
organizadores. O Datafolha deu 95 mil(alguma surpresa pela canalhice dos números face às imagens?), enquanto a Rede Globo chegou a contar 11 cheios na manifestação encabeçada pela militância de esquerda e organizações populares.
A estrela da noite, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, discursou no exíguo espaço responsável por aperto e estresses no palanque montado ao lado direito do
MASP.
Cheguei à Paulista
às 13h30. No vão do MASP, enquanto as centrais sindicais CUT e CTB se
organizavam, integrantes do MST comiam em marmitas de forma discreta. A coisa
começou a pegar fogo quando um dos palanques em montagem colocou nos alto
falantes o jingle de Lula nas eleições de 1989.
“Passa o tempo e
tanta gente a trabalhar, de repente essa clareza pra votar, sempre foi sincero
de se confiar, sem medo de ser feliz, quero ver você chegar. Lula lá, brilha
uma estrela!”.
A letra emblemática, de 26 anos atrás, tirou o medo
de muitos ali com a truculência de setores reacionários da direita que ocupavam
a Paulista desde a divulgação maciça dos grampos do juiz Sergio Moro.
O ato seguiu
pacificamente sem intervenções da Polícia Militar. O único incidente mais grave
registrado foi com antipetistas justamente na frente da Fiesp. “Petistas de
merda”, berrou um homem de preto. Um militante foi pra cima diante da agressão
verbal, barrado imediatamente pela PM.
No empurra-empurra,
um outro petista berrou: “Aquelas são as câmeras da TV Globo? Vocês são
uns grandes golpistas! Vocês são responsáveis pelo que está acontecendo aqui!”.
Os policiais
deslocaram a cavalaria para os fundos do museu, mas nada mais intimidador do
que isso aconteceu. O trânsito foi rapidamente desviado para realização do
protesto. " Não somos contra o trabalhador da imprensa. A gente fala mal do Ali Kamel, do William Bonner, do Roberto Marinho, da manipulação da Globo. Deixa o jornalista trabalhar!”, berrou
um sindicalista da CTB.
Lula era
esperado às 16hrs, no entanto só subiu ao palanque às 19h30.
Foi acompanhado pelo prefeito Fernando Haddad, pelo secretário Eduardo
Suplicy, pela deputada Leci Brandão, pelo secretário Alexandre Padilha e pelo
ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel Rossetto.
Ele chegou escoltado
e sob intenso empurra-empurra. Sorria e distribuía acenos.
Luiz Inácio Lula da
Silva não discursava na Avenida Paulista fazia 14 anos, quando ganhou as eleições
de 2002. Ele falou por cerca de 20 minutos, nos dois lados do palanque.
Estive ao lado do
ex-presidente, enquanto ele falava sobre seu papel como
ministro-chefe da Casa Civil da presidente Dilma.
“Eles, que se dizem
socialdemocratas, eles que se dizem evoluídos, pessoas estudadas, eles não
aceitaram o resultado e eles estão atrapalhando a presidenta a governar este
país. Eles vestem roupa amarela e verde pra dizer que são mais brasileiros do
que nós. Corte uma veia deles para ver se o sangue deles é verde e amarelo. É
vermelho como as nossas camisetas! É vermelho como a cor do sangue de Cristo. E
eles não são mais brasileiros do que nós!”.
“Alguns setores
ficaram dizendo que nós somos os violentos e tem gente que prega violência
contra nós 24 horas por dia. Companheiros e companheiras, tem gente nesse país
que falava em democracia da boca pra fora!”.
Terminado o
discurso, beijou crianças, abraçou os militantes, tirou fotos e me deu um
aperto de mão.
Saiu do palanque ao
som de palavras de ordem como “NÃO VAI TER GOLPE!” e “VIVA LULA MINISTRO!”.
Infelizmente teve que amargar a notícia no final da noite de que o ministro do
Supremo Gilmar Mendes suspendera sua posse no governo Dilma, remetendo a investigação de volta ao juiz Sergio Moro. Cabe, gtodavia, recurso ao 'pleno' ou à 'turma' do STF.
“Não tenho como
medir o número dos protestos que aconteceram nesta semana, mas hoje foi
expressivo para barrar essa ofensiva golpista, antidemocrática e intolerante,
como aconteceu nos últimos dias, passar”, resumiu Guilherme Boulos, do MTST,
logo após a saída do ex-presidente.
Torcedores de clubes como Corinthians e Botafogo estavam no local e na linha de frente, confirmando
a presença da Gaviões da Fiel previamente ventilada. Corintianos tinham
cartazes afiados, entre os quais um com os dizeres “Se você não for cuidadoso, a imprensa
fará você odiar os oprimidos e amar os opressores”. Era uma crítica indireta
à Globo.
Nesse clima, mesmo
com Sergio Moro e a grande mídia na sua cola com grampos, linchamento moral e
devassa de seu patrimônio, Lula provou na Paulista que ainda é o homem que faz
a periferia contar suas histórias de progresso graças ao governo dele.
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