“ ...quando  o  dever   se  ausenta

 da consciência dos magistrados"

 (Rui Barbosa) 

Algo bem estranho no ar.
Um presidente da Câmara comandando um processo tão importante e, em paralelo, uma ação penal contra ele na Corte Suprema. Não seria o caso do STF dar total prioridade a essa ação antes que o processo de impeachment se inicie? É normal e aceitável um político com contas comprovadamente ilegais no exterior comandar processo tão importante para a nação? Mesmo não conhecendo nada na esfera do Direito, isso é  inconcebível para mim.
Os fatos me obrigam a acreditar que o STF está, no mínimo, se omitindo. E no atual contexto, omitir-se é ser permissivo ao golpe e assistir ao Brasil mergulhar de vez em uma crise político-econômica perigosa.  
A mudança de comportamento de Janot e Teori,  esta altura do campeonato, soa apenas como correção de rota para se chegar ao destino que é golpear de morte a esquerda brasileira até o alvorecer das próximas eleições presidenciais.
Janot e Teori, pelo que parece, já avaliaram com propriedade que não se terá como impedir a posse formal de Lula(na Casa Civil).
Com isto, a Lava-Jato no âmbito da primeira instância, servirá apenas para tumultuar e dar um apoio logístico (e chantagístico) ao processo de impeachment. O vazamento da planilha da Odebrecht meio que confirma este novo papel de chantagista da Lava-Jato. Mas insisto em afirmar que o impeachment é um blefe. É apenas jogo tático. A estratégia é esculhambar o país ao limite em que uma proposta(?) de governo de direita, com apoio dos monopólios de comunicação, possa vencer o projeto à esquerda em curso. A derrocada de Dilma, via impeachment formal, não é uma boa para eles. O risco é muito alto e o mundo não aprovaria.
Sendo assim, Moro e sua 'Vaza-Jato' entram em uma fase do jogo em que não serão mais protagonistas e sim meros vassalos descartados com apoio da Rede Globo em momento oportuno, uma vez que a criatura à solta poderia se virar contra o criador.
Resta saber qual será o limite da PGR. Para apresentar denúncia contra Lula, terá que oferecer Aécio aos leões. Se Aécio cai no STF é quase garantido que passe a ver o sol nascer quadrado. E quanto a Lula? A pressão midiática será o suficiente para o STF condená-lo por ter comprado um 'iate' de R$4.000,00 ou ser 'dono' de um tríplex que não possui, ou por usufruir de bens de amigos? Considerando o que já aprontaram na AP 470, tudo é possível.
Percebam quão arriscada é a nova fase do jogo. As chances de Lula não ser impedido de se candidatar novamente são consideráveis. Além das frágeis evidências de crime, existe o componente “povo” que acordou de vez para o golpe que a nação está enfrentando. Mas esse monstro talvez não tenha somente uma nem duas cabeças. Talvez três: PIG, PGR e STF. Se este for mesmo o caso, a aventura pode ultrapassar os limites da irresponsabilidade.
Mas voltando ao agradável mundo do otimismo, não caindo Lula, resta somente a saída via 'plano B' da direita fascista: pôr fogo no país, tornando-o totalmente ingovernável. Será uma briga dos facínoras inconsequentes da direita contra um governo que tem tudo para ganhar a briga com a entrada em campo de um jogador de nível técnico diferenciado.