quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Mídia assume que desinforma:
Ibope e Datafolha desfazem
pesquisas com Lula líder
 
FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO  
O episódio da autocensura do Ibope e do Datafolha com as pesquisas que iriam divulgar hoje e sexta-feira é dos casos antológicos que vão entrar, com destaque, no imenso livro das vergonhas da imprensa brasileira.   |||   Não, não são os institutos de pesquisa os contratantes e, portanto, os donos da pesquisa.  São órgãos de imprensa (Globo e Folha) os contratantes e, por isso, os responsáveis pela divulgação dos resultados.   |||   Perguntas não são retiradas por decisão do contratado, exclusivamente, como não são colocadas por ele.  Quem encomenda a pesquisa  define o que se quer saber.  E quem divulga os resultados, porque é o comprador da pesquisa.  Foram, portanto, as duas empresas de comunicação que “resolveram” que não se deveria saber quanto Lula alcançou – ou alcançaria –  nos levantamentos, regularmente registrados e, na data em que o foram, com a obrigação até mesmo legal de conterem o nome do ex-presidente.   |||   É  o mesmo que Globo e Folha, os “campões da liberdade” e os lutadores incansáveis pela “não intervenção do Estado irem pedir a este Estados: ‘proíba-nos, proíba-nos já de divulgar informações, porque precisamos de cobertura para praticar a censura, em nome de nossos interesses”.  |||   Mesmo a desculpa esfarrapada dada pelo Ibope, de que teria resolvido, na manhã em que se iniciava a coleta de entrevistas, que não deveria apresentar a opção “Lula” é carente de qualquer credibilidade.  Melhor que não a leve adiante, porque haverá, entre centenas de entrevistadores, quem revele que não foi feita mudança alguma e que, portanto, essa história é uma fraude.  Como também não terá credibilidade o número “sem Lula” que eventualmente, hoje, seja “autorizado” a divulgar.   |||   De toda forma, chegamos a um ponto que se tornou impossível deixar de ver que se passou em muito do ponto de reconhecer validade a uma candidatura.  A questão, agora, é de não se permitir nem a expressão de uma corrente política – por todas as pesquisas amplamente majoritária na população – nem o retrato de que ela cresce e se avoluma além de todas as restrições que se colocam a ela.  E nisso, Justiça e grande imprensa, agora, assumem a mais explícita cumplicidade no crime de atentar contra a democracia e a liberdade de informação.

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