sábado, 8 de setembro de 2018

Valentes com Haddad, mas miudinhos  com  o  general

   

FERNNDO BRITO, no TIJOLAÇO

Ontem falou-se aqui do grau de rebaixamento do jornalismo brasileiro com o 'Tribunal da Inquisição' montado pela Globonews para queimar vivo Fernando Haddad.  Enganou-se quem achou que era o mais baixo degrau a que poderiam descer.  A entrevista do General Hamilton Mourão, ontem, foi ainda pior.   |||  Tibieza, covardia, palavras mansas, tons suaves, mesmo quando os assuntos eram os mais brutais.  Admitiu abertamente um “autogolpe” partido do presidente ou do Congresso, sem meias palavras.   |||   Na bancada de entrevistadores, uma torturada e um exilado pela ditadura, Miriam Leitão e Fernando Gabeira  ouviram mansamente fazer-se a apologia de um torturador – o coronel Carlos Brilhante Ustra –  sobre quem Leitão não disse ter mandado assassinar pessoas, mas que “pessoas morreram” no quartel que comandava (de que morreram, de gripe?). No final, atropelada pela pérola do general – “heróis matam” – ela foge correndo para mudar de assunto, perguntando sobre Previdência.   |||   O ponderado jornalista Luís Costa Pinto, em seu Facebook, anota que era “indisfarçável [a] cordialidade do pelotão de fuzilamento global para com um general que não esconde sua paixão pelos algozes da democracia e seu desprezo pelo sistema democrático”:  “Começa a ficar evidente que a parte da mídia que foi derrotada em 2002, 2006, 2010 e 2014 pelo projeto popular vitorioso nas urnas presidenciais perdeu a compostura e a vergonha: vai aderir ao “nacional bolsonarismo” porque descobriu que é agora o único caminho para tentar conter nova vitória do campo popular e democrático”.   |||   Mas esse não foi, ainda, o último degrau. Baixarão outros, nessa empreitada.  A lama é movediça e costuma chupar até afundar completamente aqueles que admitem chafurdar nela.
     

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