domingo, 11 de novembro de 2018


Confissão do general Villas Boas, de que pressionou o STF, pode libertar Lula




Em entrevista à Folha de SP, NESTE DOMINGO(11) o comandante do Exército, general Villas Boas, prestou um serviço (involuntário) ao país ao confessar que mensagem que divulgou no Twitter na véspera do julgamento do pedido de habeas-corpus de Lula ao STF foi ameaça à Corte. Essa confissão terá consequências drásticas no Brasil e no exterior e pode resultar na absolvição de Lula.   |||   Em 3 de abril deste ano, na véspera do julgamento de pedido de habeas-corpus do ex-presidente Lula, poucos dias antes de ser preso, o comandante do Exército divulgou mensagem com subreptícia ameaça nas redes sociais.    O tuite de Villas Boas foi interpretado pelo mundo político como uma ameaça ao Supremo Tribunal Federal. Até porque, a mensagem foi comentada no Jornal Nacional também em tom de ameaça pelo âncora William Bonner – conforme você poderá ver na reportagem em vídeo ao fim do post.  A ameaça surtiu efeito. Por uma escassa maioria, o STF acatou a ordem tácita dos militares.   |||  Votaram pela concessão do habeas corpus Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello. Pela rejeição, votaram Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Rosa Weber(cujo voto,   era o mais esperado, pelo caráter de desempate).     No julgamento sobre o mesmo tema, em 2016, Weber foi voto vencido – ela era contra a prisão após a segunda instância - e, 'misteriosamente', mudou o voto após a implícita ameaça do comandante do Exército.   |||   Em nova manifestação pública, neste domingo,  em entrevista à Folha de S. Paulo, o general Villas Boas confirma que a divulgada por twitter, em 3 de abril, foi, de fato, uma ameaça. Mas ressalva, tacitamente, que ameaçou para evitar que houvesse uma rebelião nos quartéis.   |||   Nessa entrevista, Villas Boas praticamente confessou a ameaça. Disse, textualmente, o seguinte:  Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuite da véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] às 20h20, no fim do Jornal Nacional, e o William Bonner leu a nossa nota.”   |||   Villas Boas não esclareceu o que quis dizer com “...a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse [pelo Twitter]”, mas não é difícil imaginar ao que ele se referia. Obviamente que aludiu ao risco de generais colocarem tanques na rua como fizeram meio século atrás, em 1º de abril de 1964.  |||   Na entrevista deste domingo, Villas Boas ponderou que o governo Bolsonaro não seria “dos militares”, mas lembrou estar ocorrendo uma “politização nos quartéis”(?). Mais uma vez, não explicou o que isso quereria dizer. E o repórter da Folha Igor Gielow, por sua vez, não teve 'curiosidade' de perguntar. Todavia, ficou clara  a ameaça ao STF, declaração que servirá de prova ao processo de Lula na ONU, inclusive sobre o constrangimento na Corte, que se rendeu, pusilânime, à descabida interferência militar.  Quando do julgamento do processo sobre o tal “tríplex do Guarujá, previsto para o começo de 2019, será impossível à Corte ignorar a confissão PÚBLICA de Villas Boas sobre a ameaça para forçar a rejeição do HC favorável ao  ex-presidente.   |||   A inadmissível ameaça dos militares e a vergonhosa submissão do Supremo deixaram o terreno da 'dúvida', transformando-se em  escabroso capítulo  da História do Judiciário brasileiro – assim como a guerra do habeas-corpus de Lula no TRF/4 em julho e a travada entre  Fux e Levandowski em torno  de suscitada entrevista do líder petista, preso na PF, em Curitiba, à Folha de S. Paulo e à Rede Minas de Televisão, afinal desautorizada por Dias Toffoli, presidente da Corte.
Assista à reportagem em vídeo...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário