quinta-feira, 29 de novembro de 2018


Pra que falar com o Brasil? Melhor  ir  direto ao chefe


FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO

A sabuja, gratuita e vergonhosa genuflexão do governo Bolsonaro aos EUA, expressa por seu filho Eduardo – uma verdadeira fábrica de “memes” para a internet – simplesmente anula qualquer possibilidade de que o Brasil tivesse qualquer – eu disse qualquer – importância no cenário internacional.  O que foi complementado, ontem, pelo “papai”, com a esdrúxula recusa em sediar o encontro sobre o clima – sabidamente um tema que o governo Trump detesta – para sinalizar ao mundo que “faremos tudo o que o mestre mandar”.   |||   E por que isso  anula o papel do Brasil?  É simples de entender até para um garoto de vila: quem quer a mediação de qualquer conflito como o “fortão e valentão” do pedaço feita por um dos capangas do valentão. Para falar com ele, que é mais realista que o rei, melhor falar com o chefe.  |||   Matias Spektor, na Folha de S. Paulo, em linguagem mais gentil, explica:  O filho chegou fazendo compromissos numa agenda cara ao governo americano —Cuba, Jerusalém, China e Venezuela. Nada pediu em troca além da deferência americana a Bolsonaro.   Como Trump não respeita quem faz concessões unilaterais, a equipe de Bolsonaro desvalorizou o próprio passe.(…)   “O voluntarismo do lado brasileiro é produto da crença arraigada segundo a qual Trump compensará os eventuais custos que Bolsonaro venha a incorrer no processo de se alinhar à Casa Branca."  ||| A expectativa do novo governo é que Trump seja leal a Bolsonaro, membro mais novo do movimento transnacional de lideranças de direita.  Tal idealismo ingênuo é danoso para o Brasil e perigoso para o próprio governo Bolsonaro. Trata-se de crença irracional que ignora o gosto de Trump por arrancar concessões de seus principais parceiros a troco de nada.   |||   Mas é ainda pior. Porque nos enfia – aliás sem disfarces –  o governo brasileiro no mundo obscuro do movimento global de extrema-direita que orbita o “trumpismo”, no qual nem a velhinha de Taubaté acredita não estar envolvido dinheiro, muito dinheiro obscuro. Afinal, por ideologia, que esta turma tanto demoniza, é que não será.  E, se nada temos a oferecer lá fora, certamente não é o mesmo aqui dentro.   |||   Em um mês, destruiu-se o que restava do papel de player mundial que o nosso país ainda tinha – mesmol nas ruínas de Michel Temer, é certo -, o que terá severos efeitos econômicos e não parece haver remédio possível.  Aliás, nem vontade de deixar de lado o papel histérico de miniatura(de cachorrinho) pinscher barulhenta.

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