sexta-feira, 16 de novembro de 2018


O patético ‘projeto de governo’ de Bolsonaro é ‘não ter projeto’

FERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO 

Vai ficando cada vez mais preocupante o que nos espera com o governo Jair Bolsonaro.  Os “planos” do presidente eleito são, até agora, de demolição, não de construção.  Vimos um exemplo terrível e desumano com o caso dos médicos cubanos que, em apenas um mês, deixarão sem assistência mais de 25 milhões de brasileiros, no que, num expressão definitiva, Bernardo Mello Franco chamou, n'O Globo, de “Programa Menos Médicos”.    |||    Mas não é o único desmonte à frente.  Nos jornais desta sexta-feira(16), fala-se tanto em demitir quanto em reduzir salários dos servidores públicos, algo mais fácil de dizer do que de fazer, porque não apenas há impedimentos legais e constitucionais como, de um lado, enfrentará forte resistência do legislativo e, mesmo em programas de desligamentos voluntários, terá pouca chance de prosperar com as corporações mais bem remuneradas e até com servidores mais modestos, no quadro de desemprego que temos.   |||   No campo dos investimentos, o cenário é desolador. O programa manifesto para o BNDES é o de ampliar a devolução de recursos ao Tesouro, o que, vale dizer, é tirar caixa do banco para emprestar aos agentes econômicos de todos os tamanhos. Panorama desanimador, já que os escândalos políticos tiraram o vigor dos setores que poderiam responder a um programa de investimentos: a construção pesada, o petróleo e a exportação de carnes manufaturada ou semimanufaturada.   |||   Novamente – como desde Joaquim Levy – a expectativa de equilíbrio econômico se baseia na visão medíocre de vender o que resta de patrimônio estatal para cobrir o que a arrecadação de impostos sobre a atividade da economia, o que é, mal comparando, passar a viver da venda dos móveis da casa em lugar do salário, o que “quebra-galhos”, mas não faz mais que adiar crises.   |||   Na Educação, a bandeira pública, agora, em lugar de ampliar e melhorar escolas, é calar professores e estimular alunos e pais ao papel de dedo-duros.  Nossas relações com o mundo foram entregues a um patético sujeito que quer “ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista”, cujo objetivo seria “romper a conexão entre Deus e o homem, tornando o homem escravo e Deus irrelevante”, contra o qual é necessário “abrir-se para a presença de Deus na Política e na História”. Se tiver paciência com um sujeito destes, leia o artigo em que Clóvis Rossi(AQUI) traça o perfil do “Cabo Daciolo” intelectualizado.   |||   Depois de anos de crise, é claro que o Brasil tem potencial para recuperação da atividade econômica e é provável que os primeiros meses de governo tenham indicadores positivos neste campo, se o furor moralista e acusatório não trouxer mais insegurança ao quadro da economia.  Mas tudo será só “fumaça” sem rumo econômico e tudo dá a impressão de que teremos um período semelhante ao Governo Temer e uma retomada do “voo de galinha”.

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