sábado, 18 de agosto de 2018


Os vasos comunicantes que levam

os votos de Lula até a eventual

chapa Haddad/Manuela

 

FERNANDO BRITO,no TIJOLAÇO

Como se dizia ontem, aqui, sem qualquer dote premonitório, a transferência de votos de Lula para Fernando Haddad e Manuela D’Avila é um fenômeno natural,  inevitável e mais rápido do que pensam os especialistas-elitistas de nossa imprensa.   |||   Hoje, a sondagem (menos que uma pesquisa, porque feita por telefone, o que ainda deforma a amostra populacional) do XP/Itau/Ipespe já registra Haddad em segundo lugar e já à distância de um empate técnico com Jair Bolsonaro, dentro da oscilação possível de 3% para mais ou para menos de cada um do resultado de 15% a 21% para cada um respectivamente.   |||   O crescimento de Haddad, que tem 7% quando seu nome é apresentado isoladamente deve-se às “palavras mágicas” “com o apoio de Lula”, claro.  Posso assegurar que, com a mesma expressão (que não é usada nas outras pesquisas, mas antecipa uma realidade que será mais bem percebida na TV a partir do final do mês, embora já conte com uma base de conhecimento apreciável) que irá fluir entre a população: o candidato do Lula.   |||   Haddad não tem o carisma pessoal de Lula? Certamente que não, mas carisma de verdade se derrama para o patrocínio, o aval ao candidato. E a chapa Haddad/Manuela, perdoem os “caretas”, tem vigor e juventude para motivar parcelas da juventude que, crescida sob o governo petista, não percebeu o quanto de renovação eles trouxeram ao país.   Tanto que a pesquisa diz que 44% – menos  da metade, portanto – dos votos de Lula migram para Haddad, o que significa que dos 15%, ao menos 2% não derivam de votos “lulistas”.   |||   Quem mais perde votos “lulistas”? Ciro e Marina Silva, que se esmeram em declarações agressivas contra o ex-presidente, em lugar de chorarem – nem que fossem lágrimas de crocodilo – pela exclusão de um líder popular desta grandeza.   |||   De outro lado, se vai ser ignorada pelas autoridades judiciais brasileira, embora haja aprovação legislativa e compromisso do Executivo de que o Brasil cumprirá as recomendações do Comitê de Direitos Humanos da ONU, a medida extraordinária tomada pelo órgão, pedindo que o Governo brasileiro assegure os direitos políticos e de expressão ao ex-presidente,  coloca o Supremo Tribunal Federal em posição delicada e vexatória.  |||  A própria recomendação é, aliás, elemento suficiente para que se peça seu cumprimento, sobretudo na exigência de que Lula possa se manifestar,  que, até agora, só confronta uma mísera decisão de 1ª instância e um despacho absolutamente  omisso de um ministro do TSE que disse que, simplesmente, a Corte eleitoral não tem poderes sobre a Justiça criminal, o que é um contrassenso, pois a possibilidade de comunicação de um candidato, até agora autorizado pela lei a fazer campanha é, obviamente, matéria eleitoral.   |||   Tratado internacional, se referendado pelo Congresso e pelo Governo, têm força de lei, o  que, ao que tudo indica, será ignorado.  Nada isso, porém, tem a força de barrar o processo de expressão da vontade popular, senão pelo canal pelo qual deveria fluir, pelo que estiver aberto para isso,   |||   A comunicação popular se dá por um processo de vasos comunicantes e tende a nivelar-se, mesmo que não lhe ofereçam caminhos para isso.  Querer fazer “segredinho” sobre quem representará Lula na eleição, se este for, afinal, impedido de participar,  já seria uma tolice se fosse décadas atrás. Hoje, nos tempos da internet, do Facebook, do WhatsApp, é só burrice, mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário