quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Bolsonaro já é um defunto político Jeferson Miola: Bolsonaro é um defunto político

JÉFERSON MIOLA, no VIOMUNDO  

A avalanche de denúncias gravíssimas, que atinge o filho Flávio, retira de Bolsonaro a condição de preservar o mandato presidencial.  Bolsonaro virou um defunto político. A essas alturas, a saída mais honrosa e digna para ele seria a renúncia, se é que já não lhe reservaram alguma “coincidência” no procedimento cirúrgico a que se submeterá nos próximos dias.   |||   A imagem do presidente da oitava economia planetária almoçando sozinho em Davos, sem compromissos de trabalho com autoridades e líderes mundiais, dimensiona o desprestígio e a insignificância do mandatário brasileiro na arena internacional.   |||   A descoberta de crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio, associação criminosa, enriquecimento ilícito e, para assombro geral, envolvimento com a milícia Escritório do Crime, confirmam suspeitas antigas acerca da atuação dos Bolsonaro nos porões da criminalidade.  O escândalo é não menos que chocante. Abre uma crise profunda que pode levar ao impeachment do presidente recém-empossado.   |||   Em sociedades civilizadas e não dominadas pela bandidagem, o simples fato de haver denúncias dessa natureza – que inclusive não são desmentidas pela família – causaria uma hecatombe.  A constatação, entretanto, de que tais fatos têm materialidade comprovada, torna a situação do chefe do clã insustentável.   |||   Os militares(que  se acham, desde sempre, os 'centuriões da República') continuam observando e monitorando, em silêncio, as encrencas da família Bolsonaro.  Controlando todas as áreas estratégicas e os setores prioritários do governo, eles mantêm as rédeas do jogo nas mãos.   |||   Do ponto de vista das Forças Armadas, a presença de Bolsonaro no Palácio do Planalto, mesmo como mero fantoche, passou a ser extremamente inconveniente, e sua continuidade, dessa forma,  indesejável.  Com o impeachment de Bolsonaro, assume a Presidência('interino', como dispõe a regra constitucional?) o general Mourão, vice-presidente eleito no contexto conhecido, de uma eleição “anormal”, para dizer diplomaticamente.   |||  A destituição do Bolsonaro em razão desses fatos aterradores coloca em dúvida a legitimidade não só do governo eleito de maneira atípica em outubro passado com a cumplicidade do TSE e do STF, mas sobretudo questiona a legitimidade do regime de exceção, que pariu essa aberração dantesca.  A substituição do Bolsonaro por Mourão, portanto, ainda que seja o remédio previsto na Constituição, não solucionaria a profunda crise de legitimidade do regime.   |||    A solução estável e legítima que, todavia, demandaria um amplo acordo democrático e que poderia criar as condições para o Brasil restaurar a democracia e encontrar o caminho do desenvolvimento, da geração de empregos e da reconstrução econômica e social, é a realização de eleição livre, limpa e soberana.  |||   Fora disso, haverá a instalação de um governo militar num ambiente de instabilidade, conflito social crescente e ilegitimidade do regime. 
PS do AMgóes >> Os 'novos' generais, por óbvio, gostaram do osso e não pretendem largá-lo agora, pouco mais de 30 anos depois de seus antepassados de 'estrelas gemadas' terem sido apeados do poder que, pela via golpista, confiscaram em 1964...

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