Aventura, caminho mais
fácil para destruir
instituiçõesFERNANDO BRITO, no TIJOLAÇO
Vai-se fixando a impressão que, em relação às Forças Armadas, estabeleceu-se um processo de partidarização que se assemelha em muito ao que transformou o Poder Judiciário num lixo, indigno do respeito da maioria da população. ||| Lá, um aventureiro – Sérgio Moro – acompanhado de uma trupe de fundamentalistas obtusos do Ministério Público – alguém se lembra do “Hegel” do início “tripatético” do processo que condenou Lula? – foi se impondo sobre os tribunais superiores e levou a submissão total da Justiça a um punitivismo inédito no Brasil e à substituição da prudência pela histeria na quase totalidade dos juízes. ||| No meio militar, a composição dos ministérios e cargos-chave da Administração com enorme presença de generais sendo – ainda pior – muitos deles recém saídos de posições de comando ativas, mais do que transformar o governo em apêndice da instituição militar, está transformando as Forças Armadas em apêndice de Jair Bolsonaro e sua aventura insana. ||| Pode-se argumentar que Jair Bolsonaro não tem projetos e os militares os têm. Talvez estejamos pensando nas Forças Armadas de algumas décadas atrás, porque é difícil ver algum projeto em um grupo que se inaugura demonstrando uma única causa: a de não serem atingidos pela reforma previdenciária. ||| Jair Bolsonaro é um energúmeno intelectualmente, mas não é bobo. Mostrou ontem que mesmo alguém com prestígio de “herói”, como Sérgio Moro, pode ser atropelado e enquadrado. Engoliu o decreto das armas e, se quiser, que vá se divertir com as propostas de eliminação de garantias do cidadão em nome do combate à corrupção. A dos adversários, naturalmente. ||| Ao colocar boa parte do seu Estado Maior e seu próprio comandante, Eduardo Villas-Boas, nos cargos políticos, o Exército assumiu mais que a subordinação constitucional a um chefe de Estado. Assumiu a subordinação a um projeto político autoritário, brutal, entreguista, intelectualmente desqualificado e anacrônico. Pior, com mais “prestígio na tropa” do que todos eles somados. ||| As três décadas de separação entre política e armas foram jogadas fora em menos de dois anos. Ter cargos não é o mesmo que ter poder. Entregaram-se ao comando, de fato, de um sujeito que saiu da caserna pela porta dos fundos. Entregaram a ele a própria caserna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário