A retardocracia
de Jair Bolsonaro
GIAM MICELI, no LE MONDE DIPLOMATIQUE/BRASIL, via JORNAL/GGN
"Será que libertar o país das amarras de um socialismo que nunca existiu por aqui e combater o politicamente correto (entenda-se permitir toda forma de brutalidade moral, verbal e física) vai resolver nossos problemas e fazer com que nosso povo viva melhor?"
O professor Giam Miceli, mestre em História da Educação, escreveu um artigo publicado pelo Le Monde Diplomatique Brasil sobre a "retardocracia" de Jair Bolsonaro. O ponto de partido é o discurso de posse do presidente de extrema-direita, que sem propostas para apresentar ao País, agarrou-se a "delírios" como o combate ao socialismo e ao politicamente correto. ||| "O eleito, assim como a massa de assalariados aplaudindo como forma de alívio e/ou gratidão, não sabe diferenciar socialismo e políticas públicas com uma qualidade mínima. Do mesmo modo que nos mandam para Cuba, devemos mandá-los para a Suécia e a Noruega", disparou o professor. ||| "Falou-se, também, em combate ao 'politicamente correto', o que foi um convite para que o povo seja ainda mais (pois sempre foi) racista, machista, elitista, classista, egoísta e patologicamente violento." "Será que não caberia a um chefe do Estado levantar os principais problemas de seu país, prometendo tentar resolvê-los? Será que libertar o país das amarras de um socialismo que nunca existiu por aqui e combater o politicamente correto (entenda-se permitir toda forma de brutalidade moral, verbal e física) vai resolver nossos problemas e fazer com que nosso povo viva melhor?" ||| Para Giam, Bolsonaro é uma "marionete" de quem "alguns fanfarrões" estão "tirando proveito da situação" e "aqueles que provavelmente darão as cartas estão quietos, quietos." Enquanto isso, uma parcela da população que se deixou levar pelos delírios de Bolsonaro se comporta como a "massa que aplaude, mas que ficará mais pobre, com menos perspectivas, com menos direitos, com mais chibata (mesmo invisível, ela existe) e com menos acessos." ||| "A afirmação de Lima Barreto continua atual: não temos povo, temos público."
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